CBF tenta estragar a festa, mas e-Brasileirão conhece os 20 finalistas.
- Frank Moreira
- 23 de nov. de 2016
- 4 min de leitura
Alguns dias atrás escrevi sobre o interessante iniciativa da CBF em realizar um e-Brasileirão, campeonato de futebol virtual, disputado no jogo Pro Evolution Soccer e na plataforma Playstation 4. A iniciativa não deixou de ser boa e a ideia continua sendo bastante promissora, especialmente pensando que alguns desses atletas podem procurar seus clubes de coração (ou outros, até) e batalharem por patrocínios para se tornarem jogadores profissionais. A CBF pode pensar em oficializar as disputas, expandindo-as para Copa do Brasil e Libertadores, se a Conmebol entender que vale o envolvimento.
Os campeonatos de futebol virtual já viveram épocas mais gloriosas e isso estava muito associado a quem organizava os torneios com sua genuína vontade de promover esse e-Sport e principalmente aos jogadores que se dedicavam de forma diferenciada, viajando o país para a disputa das competições sem que houvesse a mínima garantia de retorno financeiro. Isso mudou muito e hoje os cyber atletas se deslocam muito pouco e nas vezes em que ainda se dispõem a fazer isso, precisam de um suporte ainda maior dos organizadores. Era muito comum termos os campeonatos estaduais em várias regiões do Brasil com premiações altas o suficiente para justificar o deslocamento dos participantes dos quatro cantos do país. Já tivemos Mineiro sendo campeão em Goiás, Goiano sendo campeão em Minas e em São Paulo, Carioca ganhando no Espírito Santo, Pernambucano sendo campeão em São Paulo e essa dinâmica era o que mantinha o mundo do futebol virtual em alta e com uma quantidade de eventos que supria as necessidades dos jogadores.
Isso acabou e somente alguns pouquíssimos organizadores ainda se mantêm com inspiração e dedicação suficiente para proporcionarem alguns eventos ao público e com essa nova realidade a qualidade e quantidade dos participantes foi severamente afetada, sendo muito comum ver e ouvir as estrelas do passado tendo que elogiar os atuais campeões, mas sempre pensando que em sua época as coisas eram diferentes.

Fonte: www.cbf.com.br
A CBF deu um passo bacana em ressuscitar, mesmo que involuntariamente, esse processo e a empolgação dos mais de 9 mil participantes em poder representar seu time do coração, independente de qual estado estiverem morando, fez com que os bastidores do futebol virtual fervilhassem e nomes de peso do presente e do passado acabassem aparecendo novamente. Nas redes sociais o orgulho de cada vencedor de etapa era estampado em fotos e vídeos e a possibilidade de definir sua participação na fase final da liga jogando dentro do estádio do seu time fez com que todos se dedicassem ao máximo.
Acontece que precisamos sempre nos lembrar que estamos falando de CBF e a entidade máxima do nosso futebol consegue estragar até aquilo que ela não entende de verdade. O amadorismo da organização mostrou que a preocupação jamais foi em promover de fato o e-Sport e nem de valorizar os atletas, mas sim de fazer um marketing vazio com a união de duas paixões dos brasileiros. Relatos dos participantes revelaram que muitos atletas foram eliminados de forma injusta e sem critério nas primeiras fases e também que alguns outros foram recolocados na competição mesmo após terem sido eliminados na fase online que aconteceu nos dias 30 e 31 de outubro.
Em São Paulo tivemos o caso mais notório desse tipo de problema quando uma dos nomes fortes do futebol virtual do país, Gui Fera (SP), foi eliminado na fase online pelo também conhecido Djalma Ferreira e, convidado para retornar à competição pela organização do evento, veio a eliminar o mesmo Djalma na fase presencial disputada na Vila Belmiro. Muito se questionou sobre a atitude do jogador que retornou após a eliminação, quando na verdade o problema foi causado por quem o convidou a retornar – quem não aceitaria o convite de voltar para um campeonato em que já perdeu? O eliminado, Djalma, se manifestou de forma elegante nas redes sociais, mas escancarou o problema da competição e a partir de seu desabafo inúmeros casos foram sendo compartilhados pela rede. Em vários estados o problema se repetiu e a sensação é de que a CBF entendeu que era mais interessante ter alguns nomes estratégicos na competição ao invés de sustentar a lisura do regulamento e evitar a repercussão negativa para o evento.
Mazelas postas de lado, repito que a iniciativa é louvável e pode abrir portas para o sucesso de alguns jogadores mais excepcionais. Após as fases eliminatórias terem terminado já temos os 20 nomes que representarão seus times no e-Brasileirão e a lista possui algumas figurinhas de peso e que já entram como favoritos, independente dos times que defenderão. Do Distrito Federal temos o atual vice-campeão brasileiro, Kemylson Menezes, que será o representante do Flamengo e de São Paulo Gui Fera comandará o Peixe. Representando o Cruzeiro teremos o fenômeno Cláudio Henrique que já é destaque nas competições locais há algum tempo e representou de forma louvável o estado de Minas Gerais no Campeonato Brasileiro que aconteceu esse ano, em Brasília. O atual campeão nacional, o cearense Yuri Fugita, não está na competição e ficará de fora da disputa pelo título.
Conheça os 20 classificados para o e-Brasileirão 2016, que será disputado no dia 1º de dezembro:

Boa sorte aos envolvidos e que de fato cada um desses jogadores tenha escolhido seu time de coração, e não somente a melhor opção para se tornar campeão da competição. Seria mais um duro golpe em uma ideia tão boa e já sabotada pela própria organização do evento.
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