Um sábado como poucos. No Brasil e na Europa.
- Frank Moreira
- 20 de nov. de 2016
- 7 min de leitura
Não, eu não vou comparar o que acontece aqui com o que acontece lá. Minha sanidade está em dia e sei bem que estaria falando de universos diferentes, mas é fato que tivemos um sábado ímpar na Europa e que tivemos ao menos alguns grandes momentos por aqui também, mesmo sem nenhuma partida da Série A do Brasileirão.
Como o melhor aconteceu por lá, começarei por cá. A Série B teve rodada ontem com definição de mais um time promovido à primeira divisão do futebol brasileiro e também tivemos a melancólica confirmação de que o Vasco irá suar sangue para conseguir subir, se conseguir. O Avaí, especialista em ir e voltar, se garantiu mais uma vez na elite de nosso futebol após vencer o rival Londrina, fora de casa, por 1x0 e se juntou ao já campeão Atlético-GO no clube dos classificados.
A terceira e quarta vaga ficarão para a última rodada e três times estarão na briga para conquistá-las. O atual terceiro lugar, Bahia, venceu o rebaixado Bragantino com muita dificuldade por 3x2 e precisa somente de um empate contra o Atlético-GO fora de casa para se confirmar e apesar de enfrentar o melhor time da competição, certamente será uma equipe em ritmo de festa e sabendo que se perder poderá ajudar no processo de manter o Vasco na série B. A equipe carioca é a quarta colocada na tabela e precisa vencer em casa o Ceará para se confirmar. Só de chegar na última rodada correndo ainda o risco de ficar de fora do G4 já mostra a crise atual do clube e a pressão que cairá nos ombros dos jogadores e do técnico Jorginho será do tamanho da história do cruzmaltino. Em caso de empate o Vasco ainda poderá ser ultrapassado pelo Náutico, caso ele vença seu jogo contra o Oeste, em casa. Os times empatariam em pontos mas os pernambucanos estariam na frente pelo número de vitórias.
Se não subir, o Vasco irá conseguir o “feito” menos provável de todos aqueles que os times grandes podem conseguir na Série B. Seria a primeira vez que um time considerado da elite conceitual de nosso futebol não conseguiria o acesso já no ano seguinte de ter sido rebaixado. Palmeiras, Corinthians, Botafogo e Atlético Mineiro conseguiram no passado sem nenhum tipo de dificuldade. O Grêmio passou pela conhecida “Batalha dos Aflitos” contra o Náutico, mas subiu. Já o Fluminense, bom, o Fluminense é o Fluminense e tem um estilo diferente de resolver isso. Sábado que vem, em São Januário, às 17:30, saberemos se a história será escrita e o time de Eurico dará um passo definitivo para se deixar de ser grande como os demais. Vale lembrar que os contratos televisivos determinam que um time de Série A, como o Vasco é considerado, se não subir no ano seguinte ao rebaixamento deixará de receber a cota de primeira linha da televisão e passará a receber o valor ajustado à realidade da Série B. Menos dinheiro, menos prestígio e mais dificuldades para um clube que já sofre mesmo recebendo valores muito acima de seus pequenos concorrentes na competição desse ano.

Fonte: www.globoesporte.com
No velho continente o sábado foi uma obra de arte esportiva e a sequência de jogos sensacionais que nos foi oferecida colou os telespectadores no sofá desde 10 da manhã até 19:00, quando terminou o clássico de Madri. Na próxima semana teremos jogos da Uefa Champions League e com isso os principais times europeus envolvidos na disputa sempre antecipam seus confrontos locais para o primeiro dia do fim de semana, permitindo um dia a mais de descanso antes dos compromissos mais importantes que vêm pela frente.
Logo no começo da manhã o Manchester United recebeu o Arsenal no Old Trafford para um clássico inglês pela Premier League e surpreendentemente conseguiu dominar as ações do jogo, sempre se mostrando firme na defesa e chegando com mais perigo ao ataque. Se não fosse o goleiro Petr Cech os Red Devils teriam goleado ao final do jogo, pois suas intervenções foram cirúrgicas em lances certos de gol. O gol dos donos da casa saiu somente na metade do segundo tempo e pelo domínio imposto no jogo dava a sensação de que seria o placar final da partida, mas como a fase do United e de José Mourinho está longe de ser agradável, Giroud empatou de cabeça após cruzamento de Chamberlain, aos 44 minutos. Um banho de água fria no maior campeão inglês e um alento aos Gunners que seguem na cola dos líderes da competição. O United é o sexto colocado com 19 pontos e o Arsenal é o quarto com 25, atrás de Liverpool, City e Chelsea, que joga hoje e pode assumir a liderança caso vença seu confronto contra o Boro, fora de casa.

Fonte: www.espn.com.br
No St. Mary’s Stadium, o Southampton recebeu o líder da competição e melhor time da competição, Liverpool, e conseguiu segurar o 0x0 no placar de forma heroica. O time de Jürgen Klöpp pressionou até o último minuto, perdeu uma tonelada de gols e não conseguiu abrir o placar. Pelos donos da casa o goleiro Forster e o zagueiro holandês Van Dijk foram os nomes do jogo e garantiram o ponto precioso conquistado pelo Southampton. Firmino, Mané, Sturridge e Coutinho tiveram várias chances de gol e não conseguiram confirmar nenhuma delas, deixando sempre no ar a pergunta que vai e volta sobre o Liverpool: esse time terá pegada e força suficiente para ser decisivo nos momentos mais críticos da competição? Na Premier League não adianta somente ter o melhor futebol e jogar de forma mais plástica e interessante. É preciso vencer os jogos, especialmente aqueles complicados em que um 1x0 no placar, com gol de mão aos 45 do segundo tempo, terão o mesmo valor de enfiar 6 em alguém após exibição de gala. Klöpp sabe disso e seu espírito é sempre aguerrido para buscar esse tipo de vitória, mas a característica de seus jogadores é muito mais de técnica e de qualidade individual do que de força e capacidade de tirar um gol da cartola quando tudo mais parece não funcionar.

Fonte: www.espn.com.br
Na Alemanha o maior clássico de duas décadas para cá sacudiu a Bundesliga e o Borussia Dortmund conseguiu tirar a invencibilidade do Bayern de Munique. O jogo foi sensacional como costumam ser os confrontos entre esses dois rivais e mesmo com o RB Leipzig na liderança as atenções de todos estavam voltadas para os dois gigantes que duelavam no Signal Iduna Park. A principal marca do jogo foi a capacidade do Borussia em superar sua própria instabilidade mostrada até agora na competição e conseguir impedir que o Bayern impusesse seu estilo dominante de jogo. Mario Götze foi o nome da partida e desde o início do jogo procurou ser a referência na criação para os donos da casa. Logo no início conseguiu boa jogada, colocando a bola entre as pernas de Hummels e viu a explosão da torcida na finalização de Aubameyang. O atacante gabonês é especialista em marcar contra o Bayern e mais uma vez foi o responsável pela vitória que permitiu ao time de Dortmund chegar aos 21 pontos e se aproximar do próprio Bayern que é o segundo colocado com 24. A festa da torcida do Borussia não pode ser considerada uma novidade e mais uma vez a muralha amarela ditou o ritmo do time no jogo, colocando pressão no adversário o tempo inteiro e fazendo um espetáculo sensacional como já é costume quando o time joga em casa. Pelo lado do Bayern também foi possível ver que Ancelotti tem o domínio do time mas não consegue ser avassalador quando quer e a qualidade dos bávaros, apesar de indiscutível, pode não ser suficiente para que o time de Munique consiga disputar todos os títulos que terá pela frente. Alguns tropeços na temporada foram sintomáticos e a derrota de ontem, apesar de ser para o maior rival dos últimos anos, serve como alerta para a equipe que terá um confronto importante com o Rostov, na Rússia, pela Champions League. Se não vencer, perderá a chance de ser primeiro colocado do grupo e certamente terá um adversário mais difícil nas oitavas de final Na ponta da tabela, o Leipzig assistiu de camarote o confronto e comemorou a derrota do Bayern, pois ela manteve a surpresa da competição na ponta, agora de forma isolada com 27 pontos e três na frente do segundo colocado, Bayern.

Fonte: www.espn.com.br
Fechando o dia, na Espanha, o Real Madrid foi avassalador no clássico da capital espanhola e venceu por 3x0 o Atlético de Madrid em pleno Vicente Calderón. Cristiano Ronaldo marcou os três gols e mais uma vez fez história, pois agora o gajo é o jogador que mais marcou no rival pelo clássico, ultrapassando somente a lenda Alfredo Di Stéfano que era o detentor da marca. Vencer o Atlético de Madrid é difícil em qualquer circunstância. Vencê-los no Calderón é quase impossível. Fazer isso com um 3x0 no placar beira o inimaginável. Ronaldo não se contentou em atender aos três critérios e ainda fez isso marcando todos os gols do jogo e por mais que se questione a fase do artilheiro português, jamais poderá se questionar o poder de decisão que ele tem. O primeiro gol foi resultado de muita sorte, após cobrança de falta desviada na barreira que enganou o goleiro Oblak. O segundo veio de pênalti inexistente e cavado com muita malandragem pelo próprio Ronaldo. O terceiro saiu após arrancada sensacional de Bale que serviu o companheiro na frente do gol, somente para empurrar para as redes. Três gols e incredulidade de Simeone que ainda aplaudia sua equipe do lado de fora do campo, mas secretamente sabendo que mais uma vez estava sendo doutrinado pelo rival e, especialmente, pelo super homem que veste a camisa 9 do Madrid. A torcida do Atlético não decepcionou e produziu outro grande espetáculo no estádio, mesmo após o terceiro gol tomado e o show particular de Ronaldo que saiu para ser ovacionado pelos torcedores do Real. Com o empate sem gols do Barcelona contra o Málaga, em casa, mais cedo, o Real ampliou a vantagem na liderança e agora já se vê com 4 pontos de vantagem para o maior rival.
Dia épico para que curte futebol. Dia épico para o esporte.

Fonte: www.espn.com.br
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