Nos confrontos diretos com os líderes o atlético perdeu a chance de ser campeão.
- Frank Moreira
- 18 de nov. de 2016
- 5 min de leitura
Após o empate de ontem com o Palmeiras, atual líder do Campeonato Brasileiro e provável campeão da competição, o Atlético terminou todos os seus confrontos diretos contra os times da parte de cima da tabela e a somatória de pontos obtidos é uma das grandes causas de não conseguir ter se mantido mais próximo da primeira colocação ou até mesmo de ter disputado o título. Dos 24 pontos disputados contra Palmeiras, Santos, Flamengo e Botafogo, foram somente 11 pontos conquistados e essa tendência foi comprovada com os dois últimos confrontos quando empatou com o Flamengo e com o Palmeiras jogando em casa. Muito se falou que o Atlético teria os confrontos diretos em seu território, onde normalmente é imbatível, mas o que se viu foram dois resultados frustrantes para a torcida alvinegra que terá que se “contentar” com a briga pela Copa do Brasil. Falo dessa forma pelo fato de o clube mineiro ter sido campeão dessa competição recentemente e estar buscando o título brasileiro desde sua primeira edição com esse nome, em 1971.
Apesar da pouca chance de título o torcedor atleticano fez a festa no Horto mais uma vez e o clima hostil do estádio é um dos maiores achados do clube na era pós obra do Mineirão. Sentir o calor do torcedor de perto sempre faz com que os adversários acabem errando mais ou tendo uma postura muito defensiva quando visitam o Atlético em Belo Horizonte. O Palmeiras sentiu isso no jogo de ontem e até o momento em que conseguiu seu gol, ainda no primeiro tempo, estava sendo encurralado pela pressão atleticana. Se não havia muita definição tática e grandes jogadas coletivas, a pegada alvinegra estava acima do normal e parecia claro que o líder da competição não sairia com nenhum ponto da arena Independência. Como estamos falando de futebol, é claro que o Palmeiras fez questão de jogar a teoria no chão e abriu o placar com Gabriel Jesus após assistência do excelente Dudu. A bola ainda desviou no zagueiro Gabriel e enganou o goleiro Victor, que ficou estendido no gramado, entendendo que esse gol jogava por terra todo o domínio territorial que sua equipe apesentava no início do jogo.

Fonte: www.espn.com.br
O jogo estava um pouco mais viril do que o necessário e antes do gol palmeirense uma dividida na intermediária de ataque do Atlético fez com que os ânimos se exaltasse e o jovem atacante da Seleção Brasileira precisasse ser contido pelos companheiros para não se enroscar com Leandro Donizete. Analisando o lance com calma fiquei com a sensação de que Gabriel Jesus exagerou bastante na reação e que se fez de muito valente ao ver que estava sendo segurado pelos companheiros – certamente em um olho no olho ele seria mais contido ao falar com o “General”, como é conhecido o firme volante atleticano. Após esse lance o jogo ganhou contornos de duelo e o fraquíssimo árbitro sorteado para o jogo não teve em nenhum momento o controle da partida, sempre cedendo às reclamações e especialmente à pressão dos atleticanos que fizeram valer o ambiente que sua casa proporcionava. Por mais que não tenha influenciado em lances de gol, o apitador se mostrava a pessoa mais nervosa em campo e isso acabava por incentivar a postura agressiva de todos ao seu redor.
Com a bola rolando o Atlético jogava uma partida muito melhor do que estava acostumado a apresentar nos últimos tempos e aliava uma gana na disputa pela bola com a verticalidade que lhe era cobrada pela torcida. Robinho, como sempre, era o destaque técnico do time que tinha em Luan boa alternativa pela direita na dupla com Carlos Cesar, mas tinha em Fred o grande ponto fraco. O centroavante não esteve bem e perdeu tempo demais se preocupando em ganhar faltas inúteis nos pivôs perto do meio campo ao invés de se oferecer como alternativa para os companheiros de ataque. Maicosuel, titular mais uma vez, era uma boa alternativa para ajudar Robinho e deu dinamismo ao time atleticano, que ainda tinha Pratto e Cazáres no banco, certamente com muita vontade de participar do jogo.
Veio o segundo tempo com Pratto entrando no lugar de Maicosuel e, se por um lado se perdia a velocidade do meia, ganhava a explosão física e a boa fase do matador argentino e foi justamente ele que completou para o gol um cruzamento perfeito de Robinho, empatando o placar e incendiando o jogo. A torcida queria a virada e incentivava das cadeiras, mas o time acabou perdendo força com o passar do tempo e se desorganizou de forma definitiva. Nem a entrada de Cazáres conseguiu permitir que a pressão vinda de fora do campo fosse traduzida em domínio dentro das quatro linhas. O Palmeiras ficou mais perigoso e se percebeu tendo inúmeras chances de contra atacar com perigo e se não fez o segundo gol muito se deve à falta de perna dos paulistas e às excelentes intervenções de Victor, firme e seguro como normalmente é.

Fonte: www.espn.com.br
O empate manteve os 10 pontos de vantagem dos paulistas sobre os mineiros e já não há mais chance matemática de título, mas o Atlético ainda precisa acreditar que é possível conquistar um lugar entre os três primeiros para se classificar de forma direta à fase de grupos da Libertados, para o caso de não vencer a Copa do Brasil. No fim de semana o alvinegro visita o rebaixado Santa Cruz e certamente poupará muitos de seus titulares para a partida do meio da próxima semana, contra o Grêmio, no jogo de ida da final da segunda maior competição de clubes do Brasil.
O Palmeiras receberá o Botafogo em São Paulo e poderá se sagrar campeão caso vença seu jogo e Santos e Flamengo ao menos empatem. Os comandados de Cuca mostraram que mesmo com atuações menos gloriosas possuem um estilo de jogo bastante definido e que isso normalmente é suficiente para se manter no topo da tabela. O título deve vir no máximo em duas rodadas e não podemos questionar o mérito dos paulistas nessa conquista, especialmente por ter sempre em seu encalço alguns gigantes do nosso futebol, que poderiam aproveitar qualquer tropeço que acontecesse no meio do caminho.
O foco atleticano passa a ser a Copa do Brasil e a conquista acaba por se tornar uma necessidade para a equipe de Marcelo Oliveira, pois ficar sem ela significaria um ano de fracasso para um time de investimento tão alto. Caso se confirme campeão, por outro lado, um ano instável e com bastante questionamentos pela torcida e mídia poderá se tornar vitoriosos com um título nacional e com uma participação muito digna no Campeonato Brasileiro.
Dia 23 de novembro, Mineirão, Belo Horizonte, Atlético x Grêmio. Não há nada mais importante do que isso nesse momento.
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