O UFC achou o pote de ouro no final do arco íris.
- Frank Moreira
- 14 de nov. de 2016
- 4 min de leitura
Já conversamos anteriormente e deixamos estabelecido que o UFC (as outras entidades também) não é exatamente uma competição de artes marciais mistas e que tem como finalidade o âmbito esportivo, social, ou qualquer outro que nos venha ao pensamento. O UFC é um show e por mais que haja luta, que haja técnica e que haja momentos imortalizados pelo que o esporte pode proporcionar, está muito claro que o objetivo é vender lutas, vender transmissões pagas e atingir o máximo possível de casas no final de um evento.
Depois de longo período tentando fazer com que isso acontecesse por causa da parte técnica do MMA, sua plasticidade, suas demonstrações de superação ou da incrível capacidade do ser humano em se desenvolver, a entidade UFC percebeu que era hora de usar seus lutadores para transformar o que antes era um show técnico e de capacidade individual em um show de interpretações e de ações midiáticas. Nesse momento alguns nomes surgiram com muita força e ajudaram a promover o esporte de forma ímpar, atraindo mais público às arenas, vendendo mais pay per view e trazendo mais atenção ao esporte fora das noites oficiais. A cobertura para cada atleta se tornou quase individual, os maiores lutadores se tornaram celebridades em qualquer meio e arrastaram milhões de seguidores pelas redes sociais.
Nomes como os Irmãos Minotauro e Minotouro, Vanderlei Silva, Maurício Shogun, Chuck Lidell, Anderson Silva e outros que tanto sucesso fizeram, sempre deram esse tipo de retorno, mas foi com Chael Sonnen que o UFC entendeu o que poderia se tornar a entidade com a universalização da propaganda dos eventos. Transformar um lutador de bom nível, como era o caso de Sonnen, em um vilão mundial, odiado pela maioria e idolatrado por muitos era a fórmula perfeita de conseguir toda a atenção que existia disponível. As promoções das lutas de Sonnen com Anderson Silva foram absurdas e claramente direcionadas pela entidade para que o máximo de pessoas se envolvessem no processo. Após eles, outro ídolo apareceu, e Jon Jones passou a figurar como o novo popstar do octógono. Irreverente, extremamente confiante e muito, mas muito bem assessorado, o jovem lutador alcançou o topo e se não fossem as escorregadas em sua vida pessoal, certamente seria um dos maiores da história.
Mais recentemente tivemos mais um trabalho espetacular de marketing do UFC. A promoção da luta entre José Aldo e Conor McGregor transcendeu o campo da teatralidade e ganhou contornos de violência e ofensas de baixo nível durante o longo período entre o anúncio e a realização do combate. Aldo era o maior campeão em atividade no UFC naquele momento e o falastrão McGregor vinha atropelando os adversários, gritando aos quatro cantos que Aldo seria atropelado quando se encontrassem. Talvez a maior e melhor coletiva de divulgação de uma luta que já vi na vida foi o encontro desses dois na Irlanda, terra natal de McGregor. Naquele dia percebi o UFC pulsando nas veias dos irlandeses e vi em McGregor uma besta se preparando para ganhar o mundo.
Dentro do Octógono ele correspondeu e Aldo perdeu o cinturão após poucos segundos de combate. Surpreendente, arrepiante e muito promissor. Víamos um novo campeão surgir e o UFC identificar nele a junção das duas coisas que mais precisava: um monstro dentro das lutas e um marqueteiro fora delas. Essa união é perfeita e certamente lhes trará muito dinheiro.

Fonte: www.espn.com.br
McGregor teve neste final de semana a oportunidade de ser campeão em duas categorias diferentes, ao mesmo tempo, pela primeira vez na história do UFC e essa deferência concedida pelos organizadores deixou muito claro a oportunidade que viram de investir no irlandês. No passado Aldo teve a mesma iniciativa e foi solenemente cortado, recebendo a informação de que se quisesse disputar outro cinturão, teria que abandonar o seu. Não o fez e permaneceu em sua categoria. Para McGregor a condição foi diferente e o novo fenômeno soube aproveitar a oportunidade com muita tranquilidade, pois passou por cima de Eddie Alvarez, então campeão dos leves. Com a conquista o irlandês detém o cinturão dessa categoria e o que já possuía, no peso pena, entrando para a história e, pelo menos espero, abrindo oportunidades para outros lutadores poderem fazer o mesmo no futuro. BJ Penn e Randy Couture já se tornaram campeões em duas categorias diferentes, mas jamais de forma simultânea.
Após a luta, McGregor falou com o mesmo tom de escárnio que costuma estar presente em todas as suas declarações:
"Onde está o meu segundo cinturão? Eu rendo 4,2 bilhões de dólares a vocês e vocês não me dão a p... do meu cinturão? Acabei de ganhar e vocês já querem tirá-lo de mim. Eles não estão no meu nível. É melhor vocês melhorarem de tamanho, peso ou o que for, porque senão eu vou acabar com vocês todos. Eddie é um guerreiro, mas não deveria estar aqui comigo. Obrigado por virem, eu amo todos vocês. Passei muito tempo falando mal de muita gente, ridicularizei muita gente aqui, mas gostaria de pedir desculpas... a absolutamente ninguém".
A noite em Nova York foi espetacular e marcou o retorno do UFC à Big Apple depois de muitos anos de afastamento. Veja abaixo os resultados do card principal do UFC 205:
CARD PRINCIPAL Tyron Woodley x Stephen Thompson - declarado empate majoritário (47-47, 47-47 e 48-47) Joanna Jedrzejczyk venceu Karolina Kowalkiewicz - decisão unânime (triplo 49-46) Yoel Romero venceu Chris Weidman - nocaute técnico aos 24s do R3 Raquel Pennington venceu Miesha Tate - decisão unânime (29-28, 30-27 e 30-27)
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