Quando o topo do ranking não significa ser o melhor.
- Frank Moreira
- 6 de nov. de 2016
- 4 min de leitura
Andy Murray é o novo número um do mundo no ranking da ATP. Com a vaga para a final do Masters 1000 de Paris, a derrota precoce do então número um, Djokovic, e a desistência de Milos Raonic, teremos o britânico no topo da lista após a atualização da próxima segunda feira.
É uma conquista grandiosa para Murray, pois esse era um dos seus objetivos na carreira, coisa que nunca escondeu. Seu talento e força não podem ser minimizados e nem subestimados e suas conquistas foram grandiosas. Após longa espera ele fez com que um tenista britânico voltasse a ser um top 3 do mundo e conquistou vários Slams, inclusive na sua casa, em Wimbledom. Tudo perfeito e matemático, como costuma ser no mundo do tênis.

Fonte: www.vavel.com
Onde está o questionamento, então? Qual o motivo de isso não fazer com que haja aquela sensação coletiva de que ele está no lugar certo? O motivo se chama Novak Djokovic. Para os que não sabem, o ranking de entradas da ATP é alimentado pelas colocações de um tenista nos campeonatos tendo como referência aquilo que ele fez no ano anterior, ou seja, se você venceu um torneio em 2015, precisa vencer novamente para defender seus pontos. Com isso e com o nível atual do tênis profissional é difícil esperar que um tenista consiga se manter integralmente na frente do ranking, pois qualquer tropeço em um campeonato de maior expressão representa uma queda significativa em sua pontuação final. Não desprezo o ranking, somente acredito que assim como acontece em outros esportes, ele não vai representar obrigatoriamente a ordem correta dos melhores do mundo.
Djokovic é melhor que Murray, aliás, é melhor do que qualquer um e mesmo que não seja mais vitorioso do que Federer, por exemplo, já se questiona se o Sérvio não será melhor que o Suíço ao final de suas carreiras. Djoko é mais agressivo, saca melhor, tem mais controle emocional e é muito mais decisivo em grandes confrontos, enquanto Murray tem sérios problemas de instabilidade emocional e por diversas vezes se viu em dificuldades justamente pela queda da concentração. Nos confrontos diretos Djoko leva a melhor com a incrível marca de 24 vitórias contra somente 10 de Murray e os grandes confrontos mostram quão decisivo o Sérvio é quando enfrenta o novo líder do ranking:

Foram 10 semifinais com 8 vitórias de Djokovic, sendo duas em Grand Slams, e 17 finais com 10 vitórias do sérvio. Nas finais foram 5 títulos de Grand Slam conquistados. Esses números mostram a diferença de poder de decisão entre os dois jogadores e, por mais que não seja um sinal de que Murray não seja um fenômeno, é uma comprovação de que Djoko é surreal e conseguiu criar uma dinastia absurda na sua carreira. É preciso entender que até mesmo contra o maior de todos os tempos, Roger Federer, Djokovic tem retrospecto vitorioso, apesar de mais equilibrado, com 23 vitórias contra 22 derrotas.
Vamos valorizar a conquista de Andy da forma que ele merece, pois é vitorioso e extremamente talentoso, além de ainda ter muito tênis pela frente, mas quis somente deixar estabelecido quem é quem no cenário atual da ATP. A perda da primeira posição do ranking por Djoko não significa absolutamente nada que não seja o fato de a equação utilizada para determinar a lista sempre irá favorecer aqueles que foram pior no ano anterior. É mais ou menos a mesma coisa que vemos nas peladas entre amigos, quando o time que está ganhando precisa continuar ganhando, enquanto o time que entrou, descansado, pode empatar para continuar na quadra.
Na final em Paris, contra o gigante americano John Isner, Murray terá todos os motivos do mundo para dar o seu melhor e não só pelo fato de ter chegado ao topo. O próximo torneio a ser disputado é nada mais nada menos do que o ATP Finals, que será sediado em Londres nesse ano. O torneio reúne os 7 melhores jogadores do ranking anual da ATP e terá como participantes, até o momento, os seguintes atletas:

O ATP Finals será disputado entre 13 e 20 de novembro na capital Inglesa e é impossível não ressaltar que não contará com a participação de alguns nomes que sempre fizeram parte das edições anteriores do torneio. Roger Federer (#16) e Rafael Nadal (#8), tão vitoriosos em suas carreiras, não conseguiram manter o mesmo nível de atuação em 2016 e ficarão de fora dessa vez.
MEMÓRIA:
Ao ver o que está acontecendo com Murray é impossível não termos um déjà vu sobre Guga. O melhor tenista brasileiro de todos os tempos chegou ao Finals de Lisboa, em 2000. Com a conquista do torneio o fenômeno do tênis chegava ao final do ano como tri-campeão de Roland garros e número um do mundo nos dois rankings da ATP. Só para entendermos o tamanho dessa conquista, na semifinal Guga venceu Pete Sampras e na final Andre Agassi, simplesmente dois dos maiores jogadores de toda a história do esporte. O brasileiro ficou no topo da lista por 43 semanas e teve seu nome imortalizado no mundo do tênis.
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