De um jeito ou de outro, deu a lógica na Copa do Brasil.
- Frank Moreira
- 3 de nov. de 2016
- 5 min de leitura
Ontem foi dia de conhecermos os finalistas da edição de 2016 da Copa do Brasil, segundo mais importante campeonato do calendário nacional brasileiro. Não houve nenhuma surpresa, já que os dois classificados haviam vencido nos domínios adversários no primeiro jogo e bastava não perderem em casa para chegarem à final. O que foi curioso nos dois jogos foi a forma como a confirmação da vaga chegou. Uma pitada de sofrimento de um lado e outra de surpresa do outro. Nem preciso falar para qual lado foi o sofrimento, correto?
Com o Atlético é assim. Não há vitória sem sofrer, não há vaga sem dor e não há título sem superação. Mais uma vez o alvinegro mineiro se viu em grandes dificuldades durante um jogo em casa e com a força de sua fanática torcida e da qualidade individual dos seus craques acabou cumprindo sua missão. No primeiro jogo, no Beira Rio, o Atlético havia vencido por 2x1, após ser amassado por quase toda a partida e com atuação de gala do goleiro Victor. O internacional teve algumas grandes chances de conseguir um resultado positivo e com isso ir ao encontro do adversário, no temido Horto, com um pouco mais de perspectivas.
Esperava-se um jogo mais controlado pelo lado do Atlético, especialmente pela disparidade dos times e pelo poder de decisão que os destaques atleticanos possuem. Entretanto, o que se viu foi um time desorganizado e preguiçoso novamente, permitindo ao Inter apertar mais do que o normal e sair do primeiro tempo já com a vantagem igualada. O placar de 2x1 para os colorados foi construído após um gols de Aylon aos 26, Robinho empatando após grande jogada de Pratto aos 47 e Anderson, aproveitando falha absurda de Victor, aos 49. O primeiro tempo foi marcado pela desorganização das duas equipes e qualquer placar poderia ter sido construído, mas os gaúchos conseguiram verticalizar mais as ações e acabaram sendo premiados com isso. O clima no Independência era estranho e a sensação das arquibancadas não era de tanta confiança como costuma ser.

Fonte: www.espnbrasil.com.br
Veio o segundo tempo e o Inter voltou com a confiança a todo vapor, pressionando o Atlético e conseguindo boas chances de aumentar a vantagem e poder até levar outro gol para se classificar. Pressionou mas não fez, e isso contra o Atlético é um convite para o improvável. Normalmente, nesses casos, os mineiros fariam um gol mágico, já nos últimos minutos, com a bola desviando em alguém, ou em um chute de longe que ninguém acreditava ou até em uma cabeçada de um baixinho qualquer no meio dos gigantes da zaga. Acontece que nesse time de 2016, o coletivo não funciona, mas a capacidade individual dos atletas é muito acima da média e em tabela sensacional pelo meio da área, Robinho serviu Pratto, que mostrou todo o seu nervosismo na frente do gol. Dominou e finalizou de canhota, por baixo de Danilo Fernandes. Após o empate, aos 16 minutos do segundo tempo, o cenário do jogo mudou e o time mineiro passou a controlar as ações com muita tranquilidade, se aproveitando do nervosismo e da ansiedade dos colorados. O jogo terminou sem que o Atlético fosse realmente pressionado e a vaga na segunda final em três anos estava garantida. O Grêmio vem por aí em mais um confronto entre mineiros e gaúchos na final da Copa do Brasil.
O adversário do Atlético na final se classificou sem maiores dificuldades quando observamos o placar agregado dos dois jogos. No Mineirão, uma semana atrás, os gremistas venceram o Cruzeiro por 2x0 com extrema facilidade e deixaram a classificação praticamente garantida. A atuação dos gaúchos fora de casa impressionou e a dúvida era se o tricolor realmente estava com toda essa bola ou poderíamos atribuir o atropelamento também ao mau futebol do Cruzeiro. O jogo de ontem deu mostras de que os mineiros realmente estiveram em jornada infeliz e, apesar de não ter sido um jogo brilhante, a equipe celeste poderia ter saído facilmente com a vitória no jogo de volta, na Arena Grêmio.
O primeiro tempo começou estudado e as duas equipes tentavam dominar o meio de campo e a sensação era de que o Grêmio queria ver o tempo passar e o Cruzeiro não se importava com isso. Mano Menezes veio a campo com uma escalação bem diferente do que estávamos acostumados a ver e além de termos Rafael Sóbis e Lucas no banco, ainda tínhamos a improvisação de Romero na lateral direita. O argentino bom de bola não comprometeu, mas obviamente não conseguiu produzir boas jogadas ofensivas quando acionado. No meio, Arrascaeta e Robinho foram subindo de produção e o Cruzeiro começou a produzir as melhores chances de gol do primeiro tempo, terminando em cima dos gaúchos, mas sem conseguir balançar as redes. Uma cobrança de falta rente ao travessão e um contra ataque interrompido no momento do último passe foram as grandes chances da etapa inicial e deixavam mostras de que se o Grêmio vacilasse, o Cruzeiro estava disposto a conseguir a proeza da virada.

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O segundo tempo começou de forma parecida, com os dois times mantendo o mesmo esquema de jogo, mas com o passar do tempo o time azul perdeu força e passou a incomodar muito menos. O Grêmio continuou sem apertar, mas conseguiu a melhor chance de gol do jogo com uma finalização quase na linha da pequena área de Pedro Rocha defendida por Rafael, em um pequeno milagre. Aí entrou em campo o treinador Mano Menezes que, dessa vez, efetuou alterações que não serão explicadas nem pelo melhor dos analistas esportivos. Em pouquíssimos minutos Arrascaeta e Robinho foram sacados do time e o Cruzeiro, que já tinha grandes dificuldades de armar as jogadas, passou a ter o seu processo criativo nos pés de seus volantes e laterais e com isso parou de existir. O Grêmio tocava a bola somente esperando o final da partida e chegou a ter um impedimento mal marcado em ataque de Luan, que fez o gol na sequência. Um 0x0 tranquilo para os tricolores do sul e melancólico para os mineiros, que terão que lutar mais um pouco para terminarem o ano com o mínimo de dignidade.
No final de semana as quatro equipes voltam a campo. O Cruzeiro recebe o Fluminense e com uma vitória praticamente se assegura na série A em 2017, enquanto o Grêmio recebe o desesperado Sport já pensando da final da Copa do Brasil. Em Coritiba, o Atlético visitará o Coxa, também muito ameaçado, ainda acreditando no título do brasileiro e o Internacional, primeiro time fora da zona de rebaixamento, visitará o líder Palmeiras buscando um improvável sucesso.
Não teremos clássicos estaduais na final da Copa do Brasil, mas teremos um confronto que encerrará um dos dois maiores tabus do futebol brasileiro atualmente. Ou teremos o Grêmio voltando a ser campeão de um grande torneio depois de quase duas décadas, ou teremos o Atlético conquistando um tão aguardado bi-campeonato em uma competição de maior porte. Os mineiros vêm em uma sequência extremamente vitoriosa desde 2013, quando conquistaram a América pela primeira vez e mais um título de expressão manterá o espírito vencedor do time que passou tantos anos em busca de bons resultados.
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