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Três clássicos emblemáticos no fim de semana europeu

  • Foto do escritor: Frank Moreira
    Frank Moreira
  • 24 de out. de 2016
  • 7 min de leitura

Que o futebol europeu sempre nos proporciona bons espetáculos é um fato e que semana após semana temos alguns lances e jogos entrando para a história também é uma verdade bem comum. Os caras são bons, sabem organizar espetáculos, sabem promover os jogos e sabem melhor que ninguém capitalizar em cima disso. Três jogos em três campeonatos diferentes nos deram algumas linhas de conteúdo especial nesse fim de semana e nesses jogos aconteceu absolutamente de tudo.


Na Espanha tivemos um excelente Valência x Barcelona, no estádio Mestalla e o futebol ofensivo apresentado pelas equipes conseguiu ficar totalmente em segundo plano em mais um espetáculo bizarro dos jogadores, da torcida e especialmente da arbitragem. O Barcelona vencia com um gol de Lionel Messi que finalizou e Suárez, impedido, atrapalhou Diego Alves. Apesar de não jogar bem novamente, o Barcelona mantinha o controle do jogo de forma satisfatória, sempre valorizando a posse de bola e chegando com o trio MSN no ataque. O time catalão já estava sob efeito de uma saída inesperada de Iniesta que, sabe-se agora, ficará por até 3 meses fora do futebol para se recuperar de uma lesão parcial no ligamento do joelho.


Na sequência do jogo o Barcelona cochilou por exatos 5 minutos e levou a virada do Valência com gols do ex-Barcelona Munir e do brasileiro Rodrigo Moreno. A pressão em cima do time grená era grande, pois via as primeiras posições se afastando, o que costuma significar muito sofrimento no Campeonato Espanhol. Aos 16 minutos do segundo tempo, Luis Suárez empatou para o Barça após pegar rebote de cabeçada e grande defesa do goleiro brasileiro. Daí para frente o árbitro foi pressionado a cada lateral ou falta que marcava em campo e sua confusão nas marcações irradiava para o comportamento das equipes no gramado. O Barcelona pressionava sem sucesso e concedia contra ataques incríveis ao Valência, que esbarrava na falta de agressividade e nas decisões erradas de seus atacantes. Quando parecia que nada mais aconteceria no jogo, o trio MSN apareceu novamente. Messi iniciou uma tabela com Neymar e ao receber de volta encontrou Suárez sozinho na frente do gol e antes de finalizar o atacante uruguaio foi calçado por trás e o árbitro marcou pênalti. O lance foi claro, mas mesmo assim a pressão na arbitragem foi enorme. No gol estava somente o goleiro com o maior número de pênaltis defendidos na liga, Diego Alves, mas ele era também a maior vítima de Messi na história da competição. Prevaleceu o talento do atacante que bateu forte e rasteiro no canto direito do goleiro brasileiro, decretando a vitória catalã e a manutenção da briga pelas primeiras posições na tabela. Na comemoração, uma confusão. Neymar e outros jogadores do Barça comemoraram se dirigindo à torcida do Valência e quando estavam abraçados celebrando o gol receberam uma garrafa de água na cabeça. Empurra-empurra, jogadores caídos, muito drama e um estrago maior do que uma “simples” garrafa poderia causar. A necessidade dos jogadores em transformar o problema em algo maior quase fez com que o jogo terminasse em uma grande briga entre os dois times e o clima hostil do Mestalla era percebido em todos os seus cantos.


A atitude da torcida é péssima e o Valência certamente será punido por isso, mas o teatro dos jogadores não ajuda em nada e especialmente Mascherano, Neymar e Suárez contribuíram de forma muito negativa para o término de um grande jogo de futebol. O Barcelona chegou aos 29 pontos e está em terceiro lugar, um ponto atrás do surpreendente Sevilla e dois do maior rival, Real Madrid.


Fonte: www.bignews2day.com


No San Siro, o Milan venceu a Juventus por 1x0, com gol da grande promessa da equipe, Manuel Locatelli. O resultado é emblemático para os milanistas que já vêm há muito tempo lutando para conseguirem honrar as cores de um dos clubes mais campeões da história do futebol mundial. Temporadas ruins, investimentos errados, venda do clube, jogadores duvidosos e muitas, mas muitas derrotas em casa. Esse era o Milan dos últimos anos e somente em 2016 o time comandado pelo ex-jogador, Vincenzo Montella, consegue dar um pouco de orgulho para sua torcida. A vitória deixou o time de Milão na 3ª colocação, empatada com a Roma e somente dois pontos atrás da “imbatível” Juventus.


O jogo também foi marcado pela disputa acirrada entre as duas equipes e uma surpreendente superioridade do Milan por durante quase todo o jogo, mas o grande fato da partida foi que em determinado momento ela virou um FlaxFlu inesperado. Após cobrança de falta de Pjanic a bola foi direto para o gol e Bonucci fez menção de interferir no lance em sua trajetória. O gol foi validado e após a confirmação houve uma reclamação gigantesca da equipe do Milan, que pressionou tanto a arbitragem que conseguiram que houvesse a anulação do tento da equipe de Turim. Neste momento a reclamação virou de lado e os jogadores e comissão técnica da Juventus foram bastante agressivos com a equipe de arbitragem, especialmente por, neste momento, já saberem que Bonucci não estava impedido no lance e o jogador que estava em posição irregular sequer participou da jogada. Um espetáculo digno do futebol brasileiro que serviu para mostrar a todos que pelos lados de lá, onde a grama é mais verde, também é possível se estragar um bom jogo de futebol.


Com a sequência do jogo o Milan conseguiu se manter apostando nos contra-ataques e ainda levou muito perigo ao gol adversário enquanto a Juventus pressionava sem conseguir converter as chances em gols. Quase aos 50 minutos do segundo tempo, após finalização espetacular de Khedira, o jovem goleiro Donnarumma fez uma defesa antológica e garantiu o triunfo dos donos da casa. Dificilmente a Juventus deixará de ser campeã italiana novamente, pois a diferença de seu elenco e qualidade técnica para os adversários certamente pesará em seu favor através do longo campeonato, mas o jogo serviu para mostrar ao mundo que o poderoso Milan, de anos atrás, ainda tem sangue nas veias e que pode retomar seu lugar entre os melhores times de seus país para, quem sabe, depois, pensar em figurar novamente na lista das grandes forças europeias.


Fonte: www.yahooesportes.com


Em Stanford Bridge um clássico muito esperado. Dois dos times ingleses que tiveram as maiores mudanças estratégicas para essa temporada se enfrentavam e tanto Chelsea como Manchester United precisavam dos três pontos para se aproximarem da briga pelas primeiras colocações da Premier League. Arsenal, Tottenham e City tropeçaram em seus jogos e por isso a oportunidade era perfeita para conseguir entrar de vez na disputa.


De um lado o time de Antônio Conte, treinador italiano campeoníssimo que chegou para apagar a ressaca deixada por José Mourinho após uma temporada para se esquecer. Do outro, o próprio José Mourinho, assumindo um rival inglês que não sabe muito bem o que fazer com o dinheiro que tem e que depois da saída do genial Alex Ferguson, jamais voltou a parecer um time de futebol novamente.


Ainda assim, a esperança era de equilíbrio na partida, pois o United, mesmo em frangalhos, havia feito boa partida defensiva contra o Liverpool em Anfield e certamente chegava a Londres para jogar com a mesma pegada na marcação e apostando nos contra-ataques. Toda a estratégia de Mourinho durou exatos 31 segundos, quando um lançamento despretensioso de Hazard resultou em uma falha bisonha da zaga e do excelente De Gea, que saiu mal do gol, e viu o espanhol Pedro sair sozinho na frente do gol para finalizar de canhota e abrir o placar. A reação de Mourinho foi impagável e o treinador passou de incrédulo a incentivador em poucos segundos, pois sabia qual efeito esse gol prematuro poderia ter em seu time. O Chelsea, por outro lado, se encheu de confiança e passou a amassar o time de Manchester, com uma marcação muito alta, boa postura defensiva e uma saída em velocidade quando retomava a bola. A pressão resultou em uma sequência de ataques e escanteios que não deixava os Red Devils respirarem e em uma dessas bolas na área Cahill aproveitou um vazio no meio da defesa e afundou as redes do goleiro espanhol. Com 2x0 no placar, os comandados de Conte administraram até o final do segundo tempo, sempre mais perto de fazer o terceiro do que de tomarem o primeiro gol.


Na segunda etapa duas substituições já colocaram o United mais vivo na partida. Mourinho parece ter entendido que não adianta ter os talentosíssimos Pogba e Ibrahimovic rodando como malucos pelo campo sem ter alguém que tenha o mínimo de capacidade de trocar passes com eles no campo de ataque. Rojo entrou no lugar do machucado Bailly e Juan Mata substituiu Felainni. O jogador belga, aliás, é o maior mistério do time de Mourinho, pois é titular em todos os jogos e certamente não tem a mínima condição de comandar o meio de campo do time. Com as mudanças, o United apareceu mais no campo de ataque e obrigou o goleiro Courtois a fazer algumas intervenções dificílimas. O Chelsea dava a posse para o United como se aguardando uma falha na saída de bola ou uma oportunidade de contra atacar com mais força e foi justamente em um lance com essa característica que decretou a vitória para os londrinos. Hazard recebeu a bola pela esquerda de seu ataque e com a habilidade já conhecida deixou a marcação para trás, finalizando com muita categoria no canto esquerdo rasteiro de De Gea. Conte pulou e vibrou durante a comemoração do gol e loucura da torcida parecia não terminar. Ainda houve tempo de o volante Kanté, nada acostumado a balançar as redes, fazer um golaço, deixando Smalling sem entender nada e finalizando com categoria no contra pé do espanhol que, incrédulo, via seu time ser humilhado em pleno clássico nacional. Após o gol, as câmeras procuraram José Mourinho que fez a tradicional cara de surpresa, como se algo muito injusto estivesse acontecendo diante de seus olhos. Um 4x0 que leva o Chelsea à 4ª colocação somente um ponto atrás de City, Arsenal e Liverpool, os três empatados na primeira colocação.


Na despedida entre os técnicos, Mourinho ainda teve tempo de puxar Conte para uma conversa mais de “pé de ouvido” e, segundo captação dos microfones do local disse: "Tu faz com 1 a 0, não com 4 a 0. Humilhação". Na coletiva, quando perguntado sobre o assunto, a resposta foi no estilo Mourinho: “Minhas palavras eram para o Conte, não para você”. O United termina a rodada na 7ª colocação, 6 pontos atrás dos líderes e cinco atrás do Chelsea.


É o segundo pior começo de temporada de José Mourinho em sua carreira vitoriosa e o mau desempenho da temporada passada e do início dessa, somado à teimosia e arrogância do treinador deixam uma pergunta no ar: Seria Mourinho o Luxemburgo da Europa?


Fonte: www.espn.com.br

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