The Journey - Novo modo do FIFA17 decepciona pelos clichês
- Frank Moreira
- 14 de out. de 2016
- 4 min de leitura
Você sabe quem é Alex Hunter? Se sabe é porque já jogou o novo FIFA17 e brincou com o novo modo de jogo que é a grande inovação da versão atual de um dos jogos mais vendidos de todo o mundo.
A história de Alex tem um pouco de novela mexicana, já que o personagem é um aspirante a jogador de futebol com histórico familiar complicado e que precisa dedicar todas as suas forças para chegar ao sucesso. O rapaz de 17 anos mora em Clapham, Londres, e é neto de uma lenda do futebol inglês. Seu avô, Jim Hunter, fez 20 gols na temporada 66/67 e seu sobrenome ainda impõe grande respeito no meio esportivo da Inglaterra. Alex, com todas as dificuldades de sua vida, e com o fardo de ter que carregar um nome de tanto peso em suas costas terá de mostrar a todos até onde pode chegar e é aí que nós entramos em cena.

Fonte: www.fifplay.com
O modo "The Journey" é sedutor e promete aos players uma riqueza de opções para se divertir. O que ele entrega, no final das contas, é algo um bocado menor e menos interessante, obviamente com uma boa dose de diversão, mas sem a complexidade que se esperava e principalmente sem o nível de dificuldade que era possível se aplicar no novo modo. Alex começa escolhendo em qual dos 20 times Premier League irá jogar e lá começa seu treinamento. Essa parte do jogo é interessante e ver o jogador melhorar os fundamentos gradativamente traz uma sensação de realismo bem positiva, mas em pouquíssimo tempo a repetitividade desse módulo torna a experiência monótona e pouco motivante. Você faz alguns jogos e ajuda seu time no início da Premier League, mas sem grandes participações e destaque e, de repente, o time que você escolheu anuncia a chegada do atacante Harry Kane - ele é anunciado independente do time que você escolhe por ser o garoto propaganda do modo. Após a chegada do artilheiro inglês, você é sumariamente emprestado à Championship (segunda divisão inglesa) e precisa escolher entre um dos três clubes: Newcastle, Norwich e Aston Villa. Outras coisas interessantes aparecem por aí, como a possibilidade de atuar em uma espécia de RPG dentro do jogo, percebendo que suas declarações em entrevistas afetam diretamente o andamento de sua carreira. Caso seja um falastrão e bad boy, suas chances tendem a diminuir dentro do clube, entretanto você vê um ganho de mídia e patrocínio e o contrário também acontece, caso seja bem comportado e fale o que seu treinador quer ouvir. O resumo dessa parte é uma simples questão de ver mais ou menos animações durante sua trajetória e a forma rasa como essa interação é apresentada faz com que não haja nenhum tipo de identificação com quem controla o projeto de jogador.
Após brilhar um pouco mais na Championship, especialmente pelo pior nível de seus adversários, você começa a jogar com mais frequência e a se animar com o encaixe da posição e do desempenho, e aí o jogo lhe impõe outra virada. Você é, inevitavelmente, devolvido à Premier League e nada mais lhe é possível pensar do que buscar seu espaço no time, fazer o máximo possível de gols e brilhar na FA Cup. Sim, o campeonato mais antigo do mundo é o carro chefe do novo modo e você precisa fazer um pacto com o jogo para entender toda a mística que querem nos empurrar. Não que as competições inglesas não tenham o seu charme peculiar, pois têm, mas daí a desenvolver o modo do jogo totalmente para um torneio que é extremamente secundário no país soou, no mínimo, como uma "forçação". Outra coisa que assusta na disputa da FA Cup é a incrível impossibilidade de ser eliminado da competição. Mesmo quando perde, seu time tem sempre a possibilidade do famoso "replay" e isso persiste até que chegue na final da competição, pois é para isso que o modo de jogo está te empurrando desde o primeiro minuto. O objetivo principal da força mágica que lhe leva para frente é reencontrar um ex-amigo de infância de Hunter, Gareth Walker, desta vez na final da competição. Podemos perceber em vários momentos que a "Jornada" do nosso herói está sempre ligada ao desafeto e o objetivo final precisa ser cumprido ao detoná-lo na final de "tão importante" competição. O melhor vem agora, pois quando você finalmente consegue o objetivo de se consagrar no final da FA Cup, o modo ACABA. Sim, acaba de forma incrível e não lhe permite nada além de transferir Alex Hunter para o modo Ultimate Team. Na verdade é até pior que isso, pois se você perder na final o modo se encerra da mesma forma, sem nenhuma diferenciação e com a mesma opção disponível. Triste e decepcionante.

Fonte: www.fifplay.com
Seria injustiça negar que dá para se divertir jogando o modo "Jornada", mas nem de longe há como aprovar o processo criativo que levou ao desenvolvimento dessa nova opção. Alex Hunter não virará um ícone do FIFA17, assim como corre sérios riscos de ter sido somente uma experiência que pode ser abortada na próxima versão do jogo. Gasta-se uma boa quantidade de horas para se fechar o modo e somente isso que pode ser valorizado como experiência de uso, pois na jogabilidade não há inovação, nas animações e interações não há profundidade e no nível de dificuldade não há o desafio apropriado.
Que os players de todo o mundo possam jogar o novo modo de FIFA17 e que coloquem a boca no trombone, pois certamente haverá muito mais críticas e sugestões de melhoria do que elogios à pequena novela criada dentro do jogo. A EA SPORTS terá material suficiente para avaliar se pode transformar essa ideia que não acrescentou muito à franquia em uma concorrência saudável ao Ultimate Team, modo de jogo consagrado e, por pelo menos mais um ano, soberano.
Confira o trailer oficial de "The Journey" e crie suas próprias expectativas:
Comments