Força coletiva vira marca da Seleção e Brasil atropela pelas eliminatórias
- Frank Moreira
- 7 de out. de 2016
- 6 min de leitura
O resultado, quando analisado separadamente, não pode nos causar nenhum tipo de espanto. Ganhar de 5x0 de uma fraca Bolívia jogando no Brasil não era exatamente uma obrigação mas era o que se esperava dessa nova seleção mais bem postada e treinada após a contratação de Tite.
Acontece que não só a goleada marcou o jogo e sim como ela foi construída. O Brasil marcou forte desde o início do jogo e não deixou a Bolívia respirar nem por um segundo. É verdade que não apresentamos grandes jogadas ofensivas até o lance do primeiro gol, mas a pegada do time assustava a todos e a houve um consenso silencioso de que após os primeiros minutos de entendimento entre as linhas de meio e de frente, a seleção encaixaria uma vitória maiúscula.
Tite não inventou nada na montagem da equipe e apesar de termos tido mudanças em algumas posições, a estrutura de jogo foi mantida. Alisson no gol, Daniel Alves e Filipe Luís nas laterais, Miranda e Marquinhos na zaga e Fernandinho como volante formavam a defesa brasileira que, mais uma vez atuou no 4-1-4-1. Jogando na frente de Fernandinho tínhamos uma linha de quatro jogadores que era formada por Renato Augusto e Philippe Coutinho mais centralizado e Neymar e Giuliano mais abertos pelas pontas, mas nunca de forma estática e todos os quatro se alternavam nas posições sempre que possível. Na frente um inquieto Gabriel Jesus que, além de cumprir com eficiência seu papel de centroavante, ainda caiu pelos lados e abriu muito espaço para os meias que vinham de trás.

Fonte: www.globoesporte.com
Neymar foi o nome do jogo e, mais uma vez, foi covardemente caçado pelos adversários. Concordo quando muitos dizem que o atacante do Barcelona poderia soltar a bola mais rápido até mesmo para evitar algumas das pancadas que toma, mas adoro o jeito dele jogar. Enquanto mantiver a verticalidade de sua movimentação e sempre que possível buscar o gol, acho que será o ponto de desequilíbrio em favor dessa seleção. O primeiro gol brasileiro saiu dos pés dele, que após apertar a saída de bola boliviana conseguiu puxar um ataque em que estavam ele e Gabriel Jesus contra somente um zagueiro e o goleiro. O mais habilidoso atacante brasileiro abriu mão da jogada individual e do drible que normalmente são suas marcas registradas e passou para Jesus que estava sozinho na direita, já dentro da área. Nesse momento foi quando percebemos que a força coletiva do time estava mais intensa do que nunca, pois Gabriel poderia ter finalizado e optou por devolver de primeira para Neymar empurrar para as redes, já sem goleiro, e sair comemorando muito com os mais de 30 mil torcedores que foram prestigiar o jogo na Arena das Dunas. O primeiro gol era o que faltava para a seleção deslanchar na partida e o resultado já foi definido ainda no primeiro tempo. O segundo gol nasceu de uma jogada sensacional pela direita do ataque que terminou com Giuliano assistindo a Philippe Coutinho que bateu cruzado para ampliar. O cheiro de goleada já aparecia em Natal e o terceiro gol de Filipe Luís, após início de jogada em que Neymar, impedido, levou uma belíssima botinada, já definia os três pontos em favor da nossa seleção. Ainda no primeiro tempo o excelente Gabriel Jesus deixou o dele após receber passe açucarado de Neymar e com muita categoria e velocidade bateu por cima do goleiro para ir às redes. O primeiro tempo terminava em 4x0 e Tite, no banco de reservas, nos mostrava uma expressão que era uma mistura de felicidade com incredulidade. Ao final do jogo o treinador chegou a dizer que nem no melhor dos sonhos imaginava um início assim na seleção e que está tendo dificuldade para assimilar a sequência de boas atuações, já que esperava uma oscilação maior na equipe brasileira.
Veio o segundo tempo e o ritmo do jogo ficou menor, como era esperado. Neymar, amarelado ainda no primeiro tempo e já desfalque certo para o próximo jogo, se mantinha pela esquerda e continuava seu calvário de entradas violentas dos bolivianos. Em uma dessas recebeu uma cotovelada covarde no olho direito e, sangrando, deixou o campo. Tite fazia uma substituição inteligente para poupar o jogador e evitar que ficasse sem ele por mais tempo que o necessário. A troca serviu também para colocar em campo o atacante William, ex-titular e que deve voltar ao time contra a Venezuela no lugar de Neymar. Quase que simultaneamente Tite colocou Roberto Firmino no lugar do aplaudidíssimo Gabriel Jesus, que havia jogado uma partida inteira na segunda-feira pelo campeonato Brasileiro. Com as mudanças, Coutinho foi levado para a ponta esquerda e William foi para a direita, onde tem costume de jogar. O Brasil continuou pressionando a Bolívia até conseguir marcar mais um gol após cobrança de escanteio e uma cabeçada sensacional de Firmino. O atacante do Liverpool (ING) foi ovacionado pela torcida que o homenageava aos gritos de “vai, Safadão”. Firmino ostenta um penteado semelhante ao do cantor bom de bola e xodó do público brasileiro. Se o jogo tivesse terminado em sete ou oito a zero não seria nada demais com o Brasil mostrando uma força ofensiva muito interessante e apesar de não ser muito exigido na defesa foi excelente ver a firmeza de Marquinhos e Miranda em um daqueles jogos que os zagueiros costumam perder a concentração e levarem gols bobos. No finalzinho Tite colocou Lucas Lima no lugar de Giuliano, que também saiu muito aplaudido.

Fonte: www.globoesporte.com
Uma reflexão que me veio durante o jogo foi sobre nossas laterais. Na esquerda, Filipe Luís, foi muito bem e até gol acabou marcando. Mostrou que em um time estruturado pode substituir com solidez o craque Marcelo e suas ótimas temporadas no Atlético de Madrid sob o comando de Simeone o tem feito muito bem. Daquele lado as coisas estão controladas e não nos deixam com nenhuma dúvida. Pela direita, Daniel Alves foi muito bem mais uma vez. O lateral da Juventus é muito eficiente, possui toque de bola diferenciado, excelente preparo físico, uma chagada muito aguda ao ataque e quando bem assessorado não compromete na defesa. Acontece que Daniel tem 33 anos e já está em fase final de carreira e por mais que ainda possa jogar a próxima Copa do Mundo daqui há dois anos, não há garantia de que aos 35 anos estará inteiro para isso. Quem é o nosso substituto por aquele lado? Na convocação, Tite levou Fagner e o lateral corinthiano é um dos nomes mais controversos da lista atual, pois nunca mostrou um nível de atuações que fosse condizente com a oportunidade de defender a amarelinha. Danilo, do Real Madrid, costuma ser lembrado e por mais que pareça ser um nome forte, nunca consegue emplacar no time espanhol de forma a passar confiança para a torcida brasileira. Outros atletas já foram testados, mas realmente nessa posição temos uma lacuna preocupante. Tite precisará ter muita certeza ao manter Fagner ou a trazer outro nome, pois na ausência de Daniel Alves, é possível que o jogador a ser utilizado vire o ponto fraco na solidez defensiva que o treinador tem como característica na montagem de suas equipes.
A seleção volta a campo na próxima terça-feira quando visita a lanterna Venezuela, em Mérida. O time treinado pelo ex-jogador Dudamel foi derrotado ontem pelo líder Uruguai por 3x0 e precisa desesperadamente de um resultado positivo. Para o lugar de Neymar, suspenso e já liberado para voltar à Espanha, Tite deve escalar William e deslocar Philippe Coutinho para a esquerda, como fez no segundo tempo do jogo de ontem. Imagina-se que o resto da seleção deve se manter da mesma maneira.
MARCA IMPORTANTE:
Com o gol marcado ontem, Neymar atingiu um total de 300 gols em sua carreira de atleta profissional, isso ainda aos 24 anos de idade. Veja os números do atacante:
Total de gols na carreira: 300
Santos: 138
Barcelona: 95
Seleção Brasileira: 67
Na seleção principal ele marcou 49 gols e já se aproxima de Romário, com 56. Zico com 66, Ronaldo com 67 e Pelé com 95 são os maiores artilheiros com a camisa verde e amarela. Os dois primeiros podem se preparar para ver o jovem atacante passando de passagem, mas alcançar os 95 gols do Rei do Futebol levaria o nome de Neymar para o olimpo do futebol mundial. Exagero? Sim, mas só um pouquinho.
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