Sharapova tem pena reduzida e volta em abril/17
- Frank Moreira
- 5 de out. de 2016
- 4 min de leitura
Sharapova tanto tentou que acabou conseguindo. Em janeiro a tenista russa foi flagrada no exame antidoping após detecção da substância Meldonium e pegou uma suspensão de 24 meses. Em amostra coletada no Aberto da Austrália, em janeiro, foi constatada a presença de substância proibida e em 2 de março assumiu o uso do medicamento Mildronate, que servia para tratamento de deficiência em magnésio e prevenção contra diabetes. A substância Meldoniun passou a ser proibida a partir desse ano e Sharapova alegou desconhecimento da informação.
Para uma tenista de ponta da WTA e ex-número 1 do mundo, dois anos fora do circuito profissional poderiam até não representar o fim da carreira, mas certamente seriam um retrocesso muito grande e uma perda de nível de competitividade que talvez fosse impossível de se recuperar.

Fonte: www.balls.ie
Após apelar para a Corte Arbitral do Esporte, Sharapova teve sua punição diminuída em 9 meses e já poderá voltar às quadras em abril de 2017. O Painel da Corte optou por reduzir a punição entendendo que não havia o que chamaram de “culpa significante” e com isso a tenista de 29 anos pode começar a preparar sua volta ao circuito.
A visão da Corte Arbitral sobre o caso é extremamente interessante. A tenista tomou, por razões médicas, um medicamento que se chamava Mildronate (este continha o Meldonium) e não recebeu o devido aviso sobre a proibição de um dos componentes. Segundo Sharapova quem era responsável pelas verificações de substâncias proibidas em seus produtos e medicamentos era o seu empresário e a Corte Arbitral entendeu que o argumento era procedente. Concluíram, entretanto, que isso não eximia a responsabilidade de Sharapova em fiscalizar e orientar de forma apropriada o trabalho do empresário, tendo em vista que o resultado direto de seu trabalho poderia proporcionar doping ou algo semelhante. O tribunal também apontou um fato que depôs contra Sharapova, já que a tenista não declarava o uso de Mildronate na lista de substâncias que ela ingeria.
A ausência de “culpa significante” permite que uma pena pré aplicada seja reduzida pela metade e a Corte Arbitral optou por trabalhar com os 15 meses de suspensão, prazo considerado “adequado para o caso”. Sharapova teve a oportunidade de receber anistia para a penalidade após o Tribunal trabalhar com a possibilidade de perdoar os atletas que fizeram uso de Meldonium antes de 1º de março/16, porém a tenista garantiu que continuou utilizando a substância mesmo após sua punição (ela já usava há ao menos 10 anos).
Segue abaixo o comunicado emitido pela entidade, na íntegra:
“A Corte Arbitral do Esporte (CAS) emitiu sua decisão sobre o caso entre Maria Sharapova e a Federação Internacional de Tênis (ITF). O Painel do CAS encarregado da questão reduziu o período de suspensão em nove meses, de dois anos para 15 meses, começando em 26 de janeiro de 2016.
Em 1º de janeiro de 2016, uma atualização da lista de substâncias proibidas foi divulgada pela Agência Mundial Antidoping (WADA) e o Meldonium foi incluído pela primeira vez. Em março de 2016, Sra. Sharapova foi informada pela ITF que uma amostra dela de 26 de janeiro de 2016, durante o Aberto da Austrália, testou positivo para a presença de Meldonium. Sra. Sharapova renunciou seu direito de ter a contraprova e anunciou publicamente que tinha cometido uma violação à regra antidoping inadvertidamente como resultado de ter ingerido pílulas de Mildronate prescritas por um doutor durante muitos anos, e que ela e sua equipe falharam em perceber que o Meldonium, conhecido no mercado como Mildronate, agora fazia parte da Lista Proibida.
Em junho de 2016, o Tribunal Independente apontado pela ITF para ouvir a jogadora descobriu que a Sra. Sharapova se comprometeu com a violação da regra antidoping, desqualificou seus resultados no Aberto da Austrália de 2016, e impôs um período de inelegibilidade de dois anos para a jogadora. Em 9 de junho, Sra. Sharapova entrou com um apelo no CAS contra a decisão do Tribunal, argumentando que ela não tomou Mildronate para melhorar seu desempenho e que seu período de inelegibilidade deveria ser reduzido com base em “ausência de culpa significante”. A ITF solicitou que o Painel rejeitasse o apelo da jogadora de “ausência de culpa significante” e não alterasse a decisão do Tribunal.
O julgamento foi conduzido por um painel de árbitros do CAS: Prof. Luigi Fumagalli, Itália (Presidente), Mr Jeffrey G. Benz, EUA, e Mr David W. Rivkin, EUA. O painel realizou uma audiência com as partes em Nova York nos dias 7 e 8 de setembro de 2016.
O Painel concluiu que Sra. Sharapova cometeu uma violação às regras antidoping e, apesar da “ausência de culpa significante”, ela teve um grau de culpa, para a qual uma sanção de 15 meses é apropriada. O Painel gostaria de salientar que o caso que foi analisado, e a pena que foi atribuída referem-se somente ao grau de culpa que pode ser imputado a um jogador por falhar em se certificar que a substância contida em um produto que utilizava durante longo tempo manteve-se em conformidade com as regras antidoping.”
A russa também se manifestou, em tom de desabafo:
“De diversas maneiras, eu sinto que algo que amo me foi tirado e é muito bom ter de volta. O tênis é a minha paixão e senti falta. Estou contando os dias até poder voltar à quadra.
E para os meus fãs, eu agradeço vocês demais por viverem e respirarem vários desses meses difíceis juntos. Durante esse tempo, eu aprendi o verdadeiro significado de um fã e sou muito afortunada por ter tido o seu suporte. Vou voltar em breve e mal posso esperar!”
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