O desequilíbrio da Superliga masculina de vôlei
- Frank Moreira
- 29 de set. de 2016
- 3 min de leitura
Para aqueles que acompanham o vôlei e a Superliga (no caso, masculina) como eu, um questionamento que sempre vem na cabeça é qual seria o motivo para termos um desequilíbrio tão grande entre as equipes. Como podemos acompanhar, ano após ano, sempre temos duas ou três equipes disparadas na frente, um grupo de duas ou três brigando pelo meio da tabela, outras duas se espremendo para ficar entre os oito classificados e mais umas duas ou três se matando para ganharem duas ou três partidas ao final da primeira fase. Não que seja chato, pois a o nível das partidas que acompanhamos é realmente muito bom e o Brasil ter levado o ouro nas Olimpíadas é um reflexo direto disso, mas é algo que chama a atenção. Qual o sentido em termos 12 equipes tão bem divididas em 3 grupos assim?
Sempre me perguntei se não dava para distribuir esses caras bons entre os 12 times de maneira mais uniforme, permitindo que cada um tenha 2 ou 3 jogadores de nível. Seria como criar a Premier League do Vôlei, pois teríamos sim os favoritos, mas eles teriam que rebolar para ganhar todos os jogos, já que até os mais fracos teriam condições de ganhar jogos e chegar às finais.

Fonte: www.globoesporte.com
Essa semana saiu uma notícia interessante e que cria no leitor menos informado uma falsa impressão. Dez dos doze medalhistas olímpicos estarão jogando a Superliga desse ano. O resultado da informação é imediato - alto nível e equilíbrio, já que todas as feras estarão por aqui. Acontece que esses dez coleguinhas estarão distribuídos em somente 4 times e aí voltamos ao ponto inicial. Teremos, de novo, SADA - CRUZEIRO, SESI - SP, CAMPINAS - BRASIL KIRIN e FUNVIC - TAUBATÉ brigando pelo pódio e dificilmente (estou sendo simpático) o título não ficará entre eles.
Cruzeiro: William e Evandro
Campinas: Maurício Souza
Sesi: Bruninho, Lucão, Serginho e Douglas
Taubaté: Lucarelli, Éder e Wallace
O mais interessante é que se avaliarmos os estrangeiros que estarão na competição (e partimos do princípio lógico de que são jogadores de ponta) somente o cubano Yordan Astengo estará em um clube fora dessa lista e defenderá o Minas Tênis Clube. Os outros três jogadores que também são cubanos estarão no Cruzeiro (Leal e Simon) e no Taubaté (Mesa), ou seja, fortalecerão ainda mais os mais fortes.
Sabemos que o vôlei é um esporte como vários outros e acaba dependendo da iniciativa privada para conseguir se manter e se reforçar. O problema desse esporte é que um time quando é mais qualificado que o outro acaba vencendo em 99% das vezes, diferentemente do futebol, por exemplo, que tem uma incidência de resultados inesperados muito maior do que qualquer outro esporte. Se tivermos 10 edições da Superliga com os times que teremos nesse ano, provavelmente serão os mesmos 4 primeiros colocados nas 10 oportunidades e o máximo que conseguiremos ver será uma alternância de posições entre eles.
A CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE VÔLEI aponta que cada jogador vale uma pontuação no ranking da entidade e um time não pode extrapolar a soma de 40 na formação de seu elenco, porém o limite ainda é muito alto e com isso os times conseguem ter 4, 5 jogadores titulares com nível internacional e o resultado é que a competitividade fica polarizada em quem tem mais recurso para aplicar.
O Cruzeiro é o maior time da história do vôlei nacional e entra muito forte para tentar conquistar outro título, mas o que as equipes de Taubaté e sei fizeram para esse ano realmente mostram que o time mineiro terá que fazer mais um ano mágico para se manter no topo.
A Superliga começa na segunda quinzena de outubro e, independentemente do desequilíbrio que certamente veremos, será uma grande atração para os fãs desse esporte que vem de três medalhas de ouro seguidas em Olimpíadas.
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