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Conmebol copia UEFA. E ainda faz isso errado! (Update)

  • Foto do escritor: Frank Moreira
    Frank Moreira
  • 4 de out. de 2016
  • 5 min de leitura

UPDATE: A Conmebol resolveu manter a final em dois jogos e manteve a possibilidade de um jogo em aberto para o futuro, caso seja interessante. Decisão acertada e que vai garantir a igualdade de condições para os finalistas.


A questão do calendário na América do Sul e especialmente no Brasil é um assunto antigo. Sempre questionamos qual a dificuldade que os dirigentes do nosso futebol tem em adequar o nosso ano futebolístico ao que já é praticado na Europa, que hoje é, sem dúvida alguma, o grande centro do futebol no mundo. Esse ajuste permitiria que nossos clubes perdessem menos jogadores na janela do meio da temporada, não ficassem sem suas estrelas para os jogos de seleções e ainda faria com que quando os clubes sul americanos e europeus se encontrassem estivessem sempre no mesmo ponto da temporada. Tudo muito simples e linear. Deixaríamos de ter um ano inteiro de competições e passaríamos a ter uma temporada, que se iniciaria no meio de um ano e terminaria no meio de outro.


Algumas mudanças até vieram acontecendo aos poucos e parecia que a ideia estava sendo implementada aos poucos. Sem ser injusto, pode até ser que ainda aconteça. A Copa do Brasil deixou de ser espremida em um semestre e já dura um ano inteiro e não temos jogos da Seleção nos mesmos dias de jogos das nossas competições (ok, temos no dia seguinte ou no dia anterior, mas já é uma evolução). A sensação é de que em mais alguns anos poderemos nos adequar e essa expectativa ainda vai ficar por mais um tempo.


Fonte: www.gazetaesportiva.com


A mudança mais recente e que foi anunciada ontem se deu nas duas maiores competições de clube das Américas. A Copa Libertadores que antes era disputada por completo no primeiro semestre e vivia se espremendo entre estaduais e o início do Brasileiro agora será uma competição de ano inteiro. Já em 2017 o torneio terá a duração de 10 meses se iniciando em fevereiro e terminando em novembro. Haverá um aumento na quantidade de clubes participantes para que o modelo se assemelhe à UCL, assim como alguns clubes eliminados na sua primeira fase serão levados diretamente para a Copa Sul-Americana, copiando também o que acontece com a UEFA Europa League. A segunda competição do continente também terá mudanças e será disputada entre os meses de junho e dezembro.


A maior mudança proposta se refere à disputa do jogo final. Estamos acostumados com a decisão sendo jogada em duas partidas, uma na casa de cada adversário, para aí sim conhecermos o campeão. No novo formato das duas competições a final seria em uma partida só, com campo “neutro” definido antecipadamente, assim como acontece nas duas competições europeias.


Desenhe em sua cabeça a seguinte cena: Você torce para o seu time ir para a Libertadores e ele vai. Se classifica na primeira fase e vai se matando para conseguir avançar – você está lá, ao lado dele, gastando alguns milhares de reais para assistir a todos os jogos e eternizar as lembranças. Na semifinal seu time faz história, reverte um 2x0 no primeiro jogo e vai à final pela primeira vez na história. Aí você se prepara para comprar o ingresso e percebe que o jogo é em..... Buenos Aires, ou Assunção, ou na Cidade do México, ou no Rio, que seja. É deprimente que os nossos amiguinhos que fazem as regras de competição consigam se reunir, contratar uma consultoria espanhola para ajudar a entender o que o nosso futebol realmente precisa e cheguem em um consenso idiota como esse.


A CBF, em uma primeira manifestação através de seu Diretor de Competições, Manoel Flores, disse que ainda não considera a questão fechada e que tudo ainda está em fase de ajuste e definição. Inclusive, no próximo domingo haverá mais um encontro para se definir a quantidade de participantes e o número de vagas por países.


Se nem na hora de copiar nós tivermos o bom senso para copiar só o que é bom, vai ficar complicado de um dia acertarmos essa loucura que impera pelos lados de cá do Equador. Não pode ser difícil entender que na Europa as distâncias são muito menores e que você tem acesso de um país a outro por vários meios de transporte, assim como em uma frequência muito superior e custo muito inferior ao que temos por aqui.


Vou fechar com as minhas singelas sugestões de adaptação do calendário e de competições, pois sei que o pessoal da Conmebol acompanha o Steve diariamente e poderão copiar. Nem precisa me dar o crédito por nada que colocarem em prática. Vamos encarar isso como um dever de torcedor que eu tenho que cumprir para contribuir com a profissionalização do nosso maior patrimônio esportivo:


  • Temporada se iniciando em agosto de um ano e terminando em junho do ano seguinte;

  • Férias no mês de julho para TODO mundo;

  • Brasileirão sendo disputado durante toda a temporada. São ao menos 44 semanas para se jogar uma competição de 38 rodadas. Dá para ser quase que só rodadas no fim de semana;

  • Campeonatos Estaduais não deixam de existir, mas os times da série A e B só entram em fases finais;

  • Copa do Brasil pode ter quantos times quiserem se inscrever, mas os times das séries A e B só entram em fases mais avançadas para jogarem menos jogos. Partidas disputadas em um jogo só, com prorrogação e pênaltis em caso de empate. Final em um só jogo em um estádio de acesso mais simples, como no Rio, Minas, São Paulo ou Brasília ou então em um estádio fixo, como o Maracanã;

  • Copa Libertadores sendo jogada em formato idêntico ao da UEFA Champions League, com exceção da final que deve ser disputada em dois jogos (um na casa de cada adversário);

  • Copa Sul-Americana sendo jogada em formato idêntico ao da UEFA Europa League, com exceção da final que deve ser disputada em dois jogos (um na casa de cada adversário).

Peço a gentileza de imaginarem que também coloquei um item que sugira que nossos árbitros sejam profissionalizados. Como não tem nada a ver com calendário e regulamento de competições, a sugestão fica adjacente.


Com um calendário assim, um clube de ponta do futebol brasileiro poderia escolher entre ter um elenco maior para estar inteiro em todas as competições, assim como poderia optar por colocar times secundários em algumas disputas. Os times periféricos teriam os campeonatos estaduais para disputar, sabendo que teriam os confrontos contra os grandes nas fases mais agudas e poderiam jogar a Copa do Brasil com um apoio financeiro da CBF para os deslocamentos e hospedagens durante a competição.


Não quer dizer que isso aí que foi sugerido seja a solução dos problemas, mas é assustador que praticamente nada disso seja venturado pela Conmenbol e CBF. Sei que muitas das decisões são movidas por interesse financeiros e estratégicos, mas nem assim consigo perceber como não caminhar para isso. O futebol seria um produto muito melhor e certamente traria ainda mais receita para quem ganha com isso. Patrocinadores saberiam exatamente onde poderiam investir e os torcedores se planejariam de forma mais racional para acompanhar o seu time onde quer que ele esteja jogando, pois saberiam disso desde antes da temporada começar.


Se alguém tiver alguma sugestão diferente para dar para os coleguinhas da Conmebol, basta deixar aqui nos comentários que acho que ainda hoje eles devem dar uma passada aqui para se atualizarem com o que a turma do Steve está dizendo.

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