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A bipolaridade do Chelsea no mercado mundial

  • João "Jones" Garcia
  • 10 de set. de 2016
  • 3 min de leitura

O conceito de clube-empresa está cada vez mais claro no cenário futebolístico atual. Com as disputas de campeonatos cada vez mais exclusivas a poucos afortunados, cabe aos demais times brigarem por classificações a competições continentais ou pela permanência na principal liga de seu país, sempre com o objetivo primário de aumentar a visibilidade e gerar lucros. Desta forma, assim como acontece no ramo empresarial, cada clube tem seu determinado papel no mercado mundial. Os gigantes clubes continentais, que lutam pelos maiores títulos, tentam absorver todos os talentos locais presentes em clubes menores para se fortalecer. Impossível ler essa frase e não lembrar de Bayern de Munique e Juventus depois de suas recentes contratações. Já clubes de menor expressão mesclam as apostas em jogadores experientes com baixo valor de mercado, para melhorar a qualidade de seu time em campo, e em jovens jogadores com potencial de evolução para serem vendidos a preços exorbitantes no futuro.


No meio disso tudo está o Chelsea. Não era um dos maiores clubes ingleses até a chegada do zilionário Roman Ambramovich em 2003. Após a chegada do empresário, investidor, politico, gênio, playboy e filantropo (entendedores entederão) o clube mudou de patamar, e logo mudou a principal estratégia nas contratações. Com o dinheiro sobrando, não exitou em buscar reforços do mais alto quilate para disputar os maiores títulos nacionais e europeus. Como fazem os grandes clubes. Mas, ao longo destes 13 anos, o clube não parou de contratar jovens jogadores, ainda despreparados, em busca de alguém fora de série, que contribuísse de forma efetiva no time titular. Estratégia característica de times da segunda e terceira prateleira do cenário mundial, como citado anteriormente.


O fato é que esta estratégia não deu, na maioria das vezes, certo para o Chelsea. É verdade que Hazard era jovem quando veio, e é o maior talendo do Chelsea hoje, mas ao mesmo tempo, era um jogador que havia mostrado muito futebol no campeonato frânces, temporadas antes de transferir para Londres. O quinto empréstimo de Lucas Piazon em três anos de Chelsea e suas declarações demonstrando total insatisfação sobre o ocorrido deixa evidente que o Chelsea errou em investir no garoto ex-são paulo. A culpa poderia ser de Piazon, que não rendeu o que esperavam dele, mas no fundo, a culpa é a filosofia do Chelsea em contratar tantos “Piazons” e não favorecer o desenvolvimento dos atletas. Além de Lucas, outros três garotos brasileiros estão atualmente emprestados pelo Chelsea: Wallace, lateral direito, está no grêmio; Nathan, ex-Atlético Paranaense, no Vitesse e Kennedy, que chegou a ser titular temporada passada, mas improvisado na lateral esquerda, no Watford. Além dos brasileiros, outras dezenas de jovens estão em igual situação, como os zagueiros Miazga, dos Estados Unidos, e Kalas, da República Tcheca.


Lucas Piazon é apresentado no Fulham. 5 empréstimos em 3 anos.

O Chelsea, na procura de encontrar talentos, contrata inúmeros jovens com potencial, e quando estes não perambulam pela Europa em empréstimos atrás de empréstimos, são vendidos como “jogadores que não deram certo”. Salah chegou no Chelsea em 2014 por €16,5M, e após dois anos sendo emprestado, foi vendido por €15M para a Roma. Marko Marin, em 4 anos de Chelesa, foi emprestado a 4 clubes, até que neste ano foi vendido por €5M a menos que o valor gasto na sua contratação em 2012.


Óbvio, que há aqueles que foram vendidos a preços maiores do que o preço de compra. O problema é que neste grupo se encaixam os jovens em que realmente se tornaram ótimos jogadores no campeonato inglês, e hoje, são destaques nos clubes rivais, pois não foram aproveitados adequadamente no clube londrino. O maior exemplo é Kevin de Bruyne. Comprado pelo Chelsea em 2012 por €8M e vendido ao Wolfsburg em 2014 por €22M, hoje, o meia belga é um dos melhores jogadores do concorrente Manchester City, que o adquiriu, em 2015 (apenas um ano após sua venda), por €74M. Ou seja, não bastou ter perdido potenciais milhões, mas acabou reforçando seu rival com um jogador extra classe. O mesmo aconteceu com Romelu Lukaku, hoje no Everton, e Daniel Sturridge, atacante do Liverpool.


O Chelsea precisa entender que ele se tornou grande, e precisa se postar como grande. Não cabe a ele lapidar jovens incompletos, pois não há espaço para incertezas nos clubes que disputam os maiores títulos do mundo. Seu papel é sugar os talentos já lapidados nos clubes inferiores a ele. É buscar por mais “Hazard’s” e menos “Van Ginkel’s”.


Fonte: Transfermrkt.pt

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