Serena confirma e Murray "entrega"
- Frank Moreira
- 8 de set. de 2016
- 4 min de leitura
Dois jogos realizados ontem definiram dois semifinalistas do US Open 2016, um no masculino e outro no feminino.
Do lado das moças, Serena Willians, número um do mundo e dona de 22 títulos de Grand Slam na carreira, enfrentou a romena Simona Halep, jovem talento que já conquistou bons resultados contra as primeiras do mundo nessa temporada. Até o meio do primeiro set, Serena não havia tido o saque quebrado nenhuma vez no torneio, e o início do jogo mostrou bem o motivo –muito ângulo nos saques cruzados e muita força nos saques chapados concederam vários aces nos primeiros games e, apesar de ter seu saque quebrado no 4º game, devolveu a cortesia logo em seguida e fechou o primeiro set em um tranquilo 6-2.
No segundo set, um equilíbrio acima da média e Halep conseguiu jogar seu melhor tênis, quebrando o saque da americana ainda no 3º game. Daí para frente as duas se alternaram nas confirmações de saque e após um game exaustivo, com mais de 10 minutos de duração e 5 set points, a romena fechou em 6-4 e levou o jogo ao terceiro set.
Muito se especulou sobre o efeito emocional nas duas atletas que o segundo set teria, pois Halep havia crescido em consistência e precisão e Serena não mostrava tanta força no saque e nas devoluções. Acontece que para ser a número 1 do mundo por mais de 160º semanas seguidas e ser, talvez, a maior tenista da história, é preciso saber de onde tirar alguma energia extra e foi isso que Serena fez. O saque voltou a ser decisivo e a força dos golpes resultavam em erros não forçados de Halep, que perdia a paciência e via a americana chegar na semifinal após uma parcial de 6-3.
É sempre clichê falar assim, mas Halep pode se considerar uma vitoriosa por ter endurecido tanto o jogo, pois perder para Serena Willians por 2x1, após 2h14m de jogo faz com que ela esteja acima da maioria absoluta das participantes do torneio. Serena passa a sensação de vencer quando e como quer, forçando para se recuperar quando a preguiça toma conta e trocando bolas retas e pesadíssimas quando quer minar a autoestima das adversárias. É um jogo completo e é difícil imaginar que veremos alguém interromper a caminhada da americana para seu 23 título de Grand Slam (seria o 7º em terras americanas).
Nas semifinais, Serena enfrentará a tcheca Karolina Pliskova e do outro lado da chave Caroline Wozniacki terá pela frente a alemã Angelique Kerber.

Fonte: brecorde.com
Pelo lado dos rapazes, uma vitória que sempre agrada aos fãs desse esporte. Kei Nishikori derrotou Andy Murray por 3x2 e fez a alegria de todos os torcedores não britânicos que acompanhavam a partida. O japonês é muito querido pelos fãs e por ser de um país “alternativo” e pouco tradicional entre os grandes campeões, sempre tem o público ao seu lado.
Murray começou atropelando e mostrando que estava pronto para chegar em mais uma semifinal de Slam após ter conquistado o ouro nas olimpíadas do Rio. Depois de virar um 0-40 no primeiro game do jogo, disparou para fechar em 6-1 como que se enviasse uma mensagem ao japonês. Nishikori estava afobado e errava bolas bobas na tentativa de encurtar os pontos, enquanto Murray estava extremamente consistente no fundo da quadra e as longas trocas de bola sempre terminavam a seu favor.
O segundo set já se mostrou diferente e Nishikori conseguiu estabelecer um jogo mais cadenciado, aprofundando golpes potentes e deixando bolas curtas em uma clara tentativa de desgastar o britânico. Após o jogo estar empatado em 3-3 o teto da Arthur Ashe precisou ser fechado por causa da chuva e, após abrir 5-4 em seu saque, uma quebra deu o set ao japonês, que fechou em 6-4.
Com cinco quebras em dez sets disputados, o terceiro set foi um festival de erros e viradas. A sensação era de que aquele jogador que conseguisse diminuir a quantidade de falhas e se mostrasse um pouco mais firme no saque, fecharia a parcial. Murray foi mais agressivo e conseguiu uma quebra quando o jogo estava 4-4, fechando em seguida após confirmar seu saque e o set em 6-4.
Murray só é Murray de verdade se perde a cabeça e foi exatamente isso eu aconteceu no quarto set, quando erros bobos e uma sequência interminável de reclamações fizeram com que o britânico fosse atropelado pelo japonês. Nishikori que não tem nada a ver com isso e sempre se mostra concentrado e pouco emocional, fez 6-1 com duas quebras de saque. O set ficou marcado por um chilique de Murray após a arbitragem mandar voltar um ponto que foi “atrapalhado” pelo vazamento de som na quadra. Um raquete quebrada aqui, um palavrão ali e o quinto set começaria com Murray precisando se recompor completamente.
O último set se assemelhou ao terceiro e teve uma quantidade atípica de quebras de saque para jogos da ATP. Murray estava mais focado e conseguiu fazer um jogo consistente, pois mesmo tendo seu saque quebrado quando o placar estava em 3x3, conseguiu tirar da cartola mais uma virada sensacional. Quando o jogo estava 4x3 para Nishikori, Murray perdia por 40-0 e conseguiu o improvável, pois quebrou o saque do japonês e confirmou o seu logo em seguida, fazendo 5-4. A vitória sorria para o britânico e o ambiente na quadra era de que a lógica prevaleceria, apesar do sufoco. Mas Murray esqueceu de combinar esse fim utópico com Nishikori que, após empatar em 5-5, quebrou o saque de Murray e sacou para a glória, fechando em 7-5. Andy, certamente, foi dormir de cabeça quente, enquanto Nishikori já pensava em Stan Wawrinka, que derrotou Del Potro em outra quarta de final.
Murray confirmou que é o melhor do mundo em perder a cabeça e deixar jogos importantes escaparem entre seus dedos. Sem nenhum demérito para o japonês, que mostrou sua força e pode se sentir otimista para chegar em mais uma final de Grand Slam.
Na outra semifinal, o número um do mundo, Novak Djokovic, enfrenta o francês Gael Monfils. Difícil acreditar que o Sérvio não estará em mais uma final dos maiores torneios do tênis, sua 21ª, com 12 títulos conquistados.
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