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Como Marcelo Oliveira tenta transformar o Atlético de 2016 no Cruzeiro de 2013/14

  • Foto do escritor: Frank Moreira
    Frank Moreira
  • 3 de ago. de 2016
  • 4 min de leitura

Por: Pedro "Cica" Queiroga


Não é todo o time do Brasil que pode contar com um atacante de primeiro escalão em seu elenco. O Flamengo de Guerrero, o Santos de Ricardo Oliveira, e o Palmeiras do agora badalado Gabriel Jesus definitivamente não possuem problemas na posição. O São Paulo já não conta mais com Calleri, e o Grêmio tem Luan, que não é bem um “camisa 9”, mas já mostrou ser uma peça importante no ataque. Mas nenhum clube no Brasil está tão bem servido na posição como o Galo, que conta com Lucas Pratto e Fred.


A qualidade de Fred dentro da área é indiscutível. Poucos são os que finalizam com sua precisão, e o próprio Atlético deve se lembrar de 2012 e ter certeza disso. O atacante ex-Fluminense chegou na Cidade do Galo com uma enorme desconfiança da torcida e sua contratação foi longe de ser uma unanimidade, seja pelos problemas que teve nos últimos meses nas Laranjeiras, pelo alto salário, ou até pela torcida ter visto sua carreira deslanchar no maior rival, mas aos poucos vem conquistando seu espaço e hoje é uma peça importante na equipe.


Lucas Pratto, por outro lado, caiu nas graças da torcida desde sua chegada. Com garra e uma raça fora do comum, “O Urso”, como é conhecido, teve até um período conturbado no Galo com uma média de gols baixa para um atacante, mas nunca deixou de agregar à equipe, e era sem sombra de dúvidas o principal nome do time. A chegada de Cazares diminuiu um pouco a dependência do time para com o argentino, e uma lesão o deixou parado por dois meses - lesão esta que motivou a contratação de Fred, e aumentou as especulações de uma possível negociação, com sondagens do futebol chinês e até do São Paulo. Mas o tempo passou, e a saída de Pratto nesta temporada parece cada vez mais improvável.


Há dois jogos, no confronto com o Palmeiras, Fred saiu jogando, e foi substituído no segundo tempo por Pratto. Mas convenhamos, além de um desperdício, manter um dois dois fora da equipe principal é um provável problema, muito porque um jogador deste nível, pretendido por diversos clubes, com certeza ficaria insatisfeito em não ser titular. Mas afinal, há espaço para os dois no mesmo time?


Pratto e Fred podem jogar juntos com Marcelo Oliveira? (fonte: www.gazetaesportiva.com)


Definitivamente, Fred não fez seu nome no futebol jogando fora da área. A própria seleção, em muitos momentos, precisou de uma maior movimentação de seu atacante durante a Copa do Mundo e apenas sua qualidade na finalização não foi suficiente. Não consigo imaginar um posicionamento diferente do que o consagrou. Por outro lado, Pratto está longe de ser um “cone”. Tem força e velocidade suficientes para causar perigo dentro da área, mas também tem mobilidade e visão de jogo para jogar fora dela – já teve sucesso assim em seus tempos de Vélez.


Não é à toa que Marcelo Oliveira escalou ambos como titulares contra o Santa Cruz, pela 17ª rodada do Brasileiro. O argentino atuou mais como um segundo atacante, e até criou boas chances de gol, enquanto Fred jogou mais enfiado na área. Robinho – hoje principal jogador da equipe, queimando a língua deste que vos escreve - e Maicossuel, que já jogaram mais avançados como pontas, atuaram recuados, mais preocupados com a armação das jogadas. Apesar de conseguir montar bons esquemas com essa formação – foi bicampeão brasileiro com o Cruzeiro jogando em um 4-2-3-1, e mesmo questionado, levou uma Copa do Brasil com o Palmeiras - não é novidade para ninguém que o treinador atleticano possui extrema dificuldade de jogar com outros esquemas e evita ao máximo mudanças táticas em suas equipes. Para mim é claro que Marcelo tenta montar no Atlético um time mais parecido possível com o seu Cruzeiro (não conseguia imaginar alguns anos atrás que referenciaria uma equipe como “O Cruzeiro de Marcelo Oliveira”). Apesar de não terem exatamente as mesmas características, tanto é que um é classificado como meio-campo e o outro como atacante, o técnico alvinegro vê hoje em Lucas Pratto o seu Ricardo Goulart, tendo um jogador com visão de jogo razoável aliada a força e presença de área (não posso deixar de citar um membro do blog, que já classificou Goulart no passado como “o Thomas Muller mais forte”). Cazares ou Robinho podem com tranquilidade desempenhar funções semelhantes às de Éverton Ribeiro, que decidia partidas com jogadas individuais ou assistências para gol, e Donizete e Rafael Carioca possuem papéis semelhantes aos de Nilton e Henrique.


E em qual patamar se encontra Marcelo Oliveira como técnico de futebol? Como jogador foi indiscutível, um autêntico camisa 10 e craque, meu pai sempre me lembra, mas como treinador passa por uma fase decisiva na carreira. Após dois títulos brasileiros, mesmo com o título da Copa do Brasil, não fez um bom trabalho no Palmeiras e hoje em dia é colocado em xeque por boa parte da imprensa. Já vi muitas menções ao atual técnico do Galo como “treinador de um esquema só”, mas fato é que ele tem nas mãos um time com qualidade de sobra e totalmente capaz de jogar da forma que ele gosta – na minha opinião, melhor que o dos títulos celeste. Caso desista da ideia de jogar com Pratto e Fred, a equipe pode ser escalada com um deles e um trio ofensivo com Robinho, Luan e Maicossuel, sem contar com Cazares, que está lesionado, Otero, contratado recentemente e Dátolo, que (ainda) está no clube. Só o tempo dirá se Marcelo Oliveira vai conseguir trazer os títulos que conseguiu do outro lado da lagoa, mas ele não pode se queixar do elenco que tem.

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