Se não está 'a funcionar', adeus, Paulo Bento!
- Guilherme "Bira" Nunes
- 25 de jul. de 2016
- 2 min de leitura
E chega ao fim a jornada de Paulo Bento no Cruzeiro. - ”A diretoria está brincando de Football Manager” - foram minhas palavras quando soube da concretização da vinda do português. Eu explico: nada contra o profissional, mas sim contra a arriscada aposta na qual o Cruzeiro estava se metendo. Mais do que contratar simplesmente um técnico estrangeiro, o clube estava importando um treinador europeu que provavelmente sempre esteve alheio ao que acontecia no futebol brasileiro.
O Cruzeiro vivia um momento de fragilidade, pois havia sido eliminado pelo fraquíssimo América na semifinal do campeonato mineiro, e vinha sofrendo com as profundas sequelas de ter ficado quase um semestre inteiro sem treinador (Deivid não é treinador, pelo menos ainda).
Falando de uma forma resumida, a campanha de Paulo Bento no Cruzeiro durou dezessete partidas, sendo seis vitórias, três empates e oito derrotas, fechando com um fraco aproveitamento de 41%. Começou mal, teve um misto de respiro com sopro de esperança em duas vitórias seguidas sobre Ponte Preta e Palmeiras, mas depois voltou a cair.
Com o passar do tempo, Bento conseguiu dar à equipe um padrão de jogo e tornou o Cruzeiro um dos maiores criadores de chance de gol no campeonato. Segundo dados do Footstats, é o atual vice-líder em número de finalizações (234), atrás apenas do Grêmio (244). Ao mesmo tempo em que o time criava muitas chances e desperdiçava a maioria delas, a defesa cometia uma quantidade incrível de erros individuais bisonhos, contando com atuações bizarras de Bruno Rodrigo e Bruno Viana.
A situação só piorava à medida em que rodadas se passavam, as vitórias não vinham, e para piorar tínhamos que conviver com estranhas insistências em Bruno Ramires, Allano e cia. Ouvi muito se dizer sobre boicote e ambiente ruim, mas cabe a mim analisar somente o que vi dentro de campo.
Falta de competência nas finalizações e uma defesa ridícula: essa foi a receita de bolo para o fracasso de Paulo Bento que, na 16ª rodada do Brasileirão, deixa o Cruzeiro na amarga vice lanterna da competição, à frente apenas do virtual rebaixado América-MG.

Paulo Bento não é mais o técnico do Cruzeiro (fonte: globoesporte.com)
Concordo com o discurso do português, que a cada entrevista coletiva repetia que os resultados e a pontuação não eram condizentes com o trabalho feito e com o futebol que vinha sendo apresentado, mas como ele mesmo uma vez disse, “Treinador tem que ter sempre a mala feita. ” Sabemos que aqui somos reféns da cultura de resultados do futebol brasileiro, mas ainda assim ‘me sinto uma pessoa pior’ (parafraseando um amigo do blog) por ter desejado a saída de Paulo Bento.
Confesso que o estilo de trabalho do luso me agrada, assim como o de outros treinadores também formados na exigente escola portuguesa, mas o momento pedia uma solução mais imediatista. Foi aquela velha história do profissional certo, lugar certo, mas na hora errada. E se Bento tivesse chegado em uma outra situação, com um planejamento estruturado e uma pré-temporada inteira a se cumprir, teria dado certo? Isso jamais saberemos. Boa sorte, Paulo Bento.
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