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Qual é o poder da força mental no tênis?

  • Guilherme "Bira" Nunes
  • 24 de jul. de 2016
  • 3 min de leitura

Recentemente tive o prazer de acompanhar o ótimo jogo válido pelas quartas de final do ATP 250 de Bastad, na Suécia, entre David Ferrer (ESP) e Dustin Brown (ALE). O espanhol acabou vencendo por 2 a 1, com parciais de 6-1, 4-6 e 6-4. Analisando o resultado de forma isolada, deu a lógica, afinal era um confronto entre o número 13 (Ferrer) e o número 101 (Brown) do ranking da ATP.


Falando um pouco dos dois tenistas, esse foi, em minha opinião, um embate entre dois caricatos representantes dos seus estilos de jogo, estilos que são vertentes completamente opostas no tênis. De um lado, a disciplina e quase monótona regularidade do competente David Ferrer, quase inabalável na troca de bolas no fundo da quadra. Do outro a ousadia, plasticidade e imprevisibilidade do displicente Dustin Brown, com seus drop shots de precisão cirúrgica e frequentes subidas à rede.


A todo momento a plateia ia à loucura com os golpes improváveis de Brown, assim como a todo momento tínhamos a impressão de que o jogo saía do seu controle com um número elevado de erros não forçados. Ele é dono de um estilo ofensivo e bonito aos olhos, mas também é dotado de impaciência e falta de concentração ímpares. O alemão tenta definir os pontos de forma rápida, sem necessariamente ter planejado a melhor hora para fazê-lo. Ferrer não é lá dos jogadores mais carismáticos e nem com maior repertório de jogadas, mas tem como um dos seus pontos fortes a sua força mental, que o mantém fiel à estratégia e com regularidade durante praticamente todo o jogo.


Brown x Ferrer

Dustin Brown e David Ferrer fizeram ótimo jogo (fonte: twitter.com/dreddytennis)


Diante dessa enorme diferença de talento, por que Brown não traduz sua genialidade em resultados e posições no ranking? Mais do que apresentar um resultado teoricamente óbvio, esse jogo me provocou uma reflexão: qual o tamanho da importância da estabilidade mental no esporte, e especialmente no tênis? Não existe uma resposta correta ou assertiva, pois o tênis é um esporte de extrema exigência física, técnica e mental, e a expressividade dos resultados que o jogador consegue atingir ao longo da carreira é reflexo da sua capacidade de manter e aprimorar cada um desses três atributos. O tênis moderno está em um nível antes inimaginável, onde o talento está cada vez mais sendo compensado pelo desenvolvimento dessas características. Hoje os atletas contam com eficientes e inovadores métodos de treinamento e aprimoramento.



Thomaz Bellucci (fonte: sportv.com.br)

Dentro de casa temos um exemplo da importância da força mental no tênis. Thomaz Bellucci sempre nos deu esperanças por conta de seu enorme talento, tendo inclusive protagonizado um duríssimo confronto com Novak Djokovic na semifinal do Masters 1000 de Madrid em 2011, que contou com nada menos que Roger Federer e Rafael Nadal na outra semifinal. Bellucci venceu o primeiro set e chegou a ter uma quebra a seu favor no segundo set, mas levou uma virada repleta de claras demonstrações de instabilidade por parte do brasileiro. Ele nunca foi um especialista em se manter forte mentalmente durante os jogos/competições. Se fosse, certamente já teria navegado pelo top 20 e talvez top 10 do ranking da ATP.


O que sabemos é que hoje, o mental se equivale ao técnico e ao físico no quesito importância, e o que nos resta é torcer para que jogadores como Brown e Bellucci evoluam nessa qualidade para abrilhantar ainda mais a disputa por ranking e competições, e também para proporcionar mais jogos espetaculares a nós amantes de tênis.

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