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Futebol pode estragar as olimpíadas para o Brasil

  • Foto do escritor: Frank Moreira
    Frank Moreira
  • 21 de jul. de 2016
  • 3 min de leitura

As Olimpíadas estão chegando. O maior evento esportivo do mundo reúne centenas de esportes, milhares de atletas e bilhões de torcedores por todo o globo. Para praticamente todos os esportes envolvidos nos Jogos, nada é mais importante do que a conquista de uma medalha de ouro e é nas olimpíadas que as lendas são criadas – sprints na reta final, uma cesta no estouro do relógio ou um corredor de vento bem aproveitado podem definir quem estará no ponto mais alto do pódio ou quem cairá no esquecimento por mais quatro anos.

Existe algo de ruim nas olimpíadas? Na festa da esportividade e do fair play? Sim. E é simplesmente o esporte mais popular do planeta.


Fonte: olimpíadas.uol.com.br

Qual o motivo de não vermos Futebol Americano nas Olimpíadas? Existe explicação para a seleção americana de basquete sempre levar um time mais fraco do que o possível? Outros esportes de massa e de grande público são sempre secundários nos jogos – qual a razão disso? O objetivo é dar a importância devida para as coisas. A NBA precisa ser a competição esportiva mais importante de basquete para os americanos (e outros países), assim como a NFL e o Superbowl sempre ganham os maiores destaques na mídia de todo o mundo. Existe um entendimento implícito na característica das Olimpíadas que faz com que todos a vejam como o maior evento esportivo do mundo, apesar de existir Copa do Mundo, Eurocopa, NFL, NBA, MLB, Copa do Mundo de Rúgby. Nenhum desses compete com os Jogos e nem competirá, pois continuarão sendo maiores e melhores, ou menores e piores, de acordo com a conveniência de quem os está analisando.

Este ano a coisa pode ser diferente no Brasil. Nunca ganhamos o ouro no futebol. NUNCA. E, sabe-se lá por qual motivo, isso é um tabu que PRECISA ser derrubado pela Seleção Brasileira. Somos incompletos por isso e a cada quatro anos, quando reunimos nossas promessas para brigar pelo ouro, sempre nos perguntamos se é dessa vez que ele virá. Rio 2016 deve receber, talvez, a mais talentosa seleção olímpica que o Brasil já produziu e isso só serve para aumentar o peso que o futebol terá nos jogos, assim como o peso nas costas da molecada. Neymar (a CBF preferiu que ele jogasse os jogos do que a Copa América #100), Gabriel Jesus, Gabigol, Marquinhos e outros nomes consolidados no futebol mundial lutarão contra os adversários, contra o tabu e, especialmente, contra a torcida de todos os outros esportes.

Não estou louco. Sou capaz de apostar que no interior do coraçãozinho de cada atleta olímpico de outra modalidade que não seja o futebol, existe uma torcida velada para que o futebol brasileiro se exploda nas olimpíadas. Imaginem o que será se ganharmos o ouro: loucura nas ruas, jogadores endeusados, 7x1 vingado, promessa de novos tempos, base do futuro nas mãos do Tite, etc. O Brasil só poderá falar disso, pois é só sobre isso que se falou desde o atropelamento da Alemanha. Os demais esportes, normalmente já de importância relativizada pela mídia e pelo público, serão somente passatempos na tv para que o quadro de medalhas seja mais recheado. O fato maior é que a medalha de ouro mais “importante” de todas estará lá, brilhando, reluzente, inigualável.

Eu vou torcer contra o futebol brasileiro. Entendam, sou patriota e já chorei muito nas vitórias e derrotas de nossa seleção e mesmo após o 7x1 minha torcida não esmoreceu. Continua lá e será gritada aos quatro cantos quando for a hora. Nas olimpíadas é hora de torcer pela derrota do futebol e vitória dos outros esportes, pois nada será mais importante para o esporte brasileiro do que ter seu vôlei feminino tri campeão olímpico em sequência, assim como recuperar o alto do pódio no masculino, ou brilhar nas areias, na ginástica, sem falar na natação e judô que sempre nos representam tão bem. Eu quero ouvir o hino nacional tocar e ver só um brasileiro ou brasileira, de collant, quimono ou agasalho, chorando copiosamente por ter feito os 4 anos anteriores valerem cada segundo – nada será mais gratificante do que isso. É muito mais importante para mim comemorar a conquista de um atleta que se submete às piores condições de treinamento e suporte médico, pouquíssimos patrocínios e quase nenhuma repercussão na mídia do que me extasiar com o novo penteado do Neymar ou com o quanto o novo reforço do Manchester City está jogando.

Não posso prometer não assistir aos jogos do Brasil no futebol, mas prometo que os assistirei focado em não me empolgar, nem por um segundo que seja, assim como prometo comemorar secretamente (ou não) cada gol que levarmos. Guardarei toda a minha energia para vibrar com as braçadas, bloqueios, arremessos e tiros que a camisa verde e amarela puder me oferecer. Podem me cobrar.

Que o futebol (nas olimpíadas) se exploda!

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